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Saúde

APNEIA Obstrutiva do Sono

  • A Apneia Obstrutiva do Sono pode ser considerada uma doença do mundo moderno. Com a tendência da população cada vez mais obesa e sedentária, sua prevalência está aumentando assustadoramente. Em estudo científico recente realizado na cidade de São Paulo com mais de 1.000 pessoas, viu-se que 32,9% da população paulista tem a doença.

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    Há uma estreita relação entre ronco e Apneia Obstrutiva do Sono. O ronco indica vibração das vias aéreas superiores, que incluem nariz, palato, faringe, amígdalas, língua e laringe. Essa vibração ocorre geralmente por obstrução da passagem do ar ou por flacidez dessas estruturas. Caso a obstrução seja completa ou quase completa, o paciente pode apresentar pausas respiratórias durante a noite, o que caracteriza a Apneia Obstrutiva do Sono. A Apneia do Sono ocorre quando o indivíduo apresenta, durante o sono, mais do que 5 pausas respiratórias de pelo menos 10 segundos por hora.
     

    O Otorrinolaringologista Dr. Alexandre Beraldo Ordones: “Existem várias opções para o tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono. A avaliação do especialista permite definir o melhor tratamento.â€ÂÂ
    O Otorrinolaringologista Dr. Alexandre Beraldo Ordones: “Existem várias opções para o tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono. A avaliação do especialista permite definir o melhor tratamento.”

    As manifestações clínicas da
    apneia do sono são:

    • Roncos noturnos, principalmente os de alta intensidade;
    • Sensação de sufocamento durante o sono;
    • Paradas respiratórias durante o sono presenciadas pelo cônjuge;
    • Sonolência diurna excessiva;
    • Sono que não descansa;
    • Dificuldade de concentração e fadiga;
    • Angina (dor no peito de origem cardíaca) noturna;
    • Dor de cabeça pela manhã;
    • Alterações do humor.

    Existem alguns fatores de risco para a ocorrência da Apneia Obstrutiva do Sono. São eles:

    • Idade – a chance da doença é maior em pacientes acima de 60 anos.

    • Sexo – é três vezes mais comum no sexo masculino.

    • Obesidade – é o principal fator de risco para a presença da doença. Quanto maior o peso, maior a chance de apresentar apneia. Em uma pesquisa científica, mostrou-se que o aumento de 10% do peso eleva a chance da doença em 6 vezes.

    • Alterações craniofaciais – alterações do tamanho da maxila e da mandíbula, além de aumento das amígdalas e da adenoide podem estreitar a via aérea e causar obstrução.

    • Nariz entupido – sugere obstrução da via aérea.

    • Tabagismo – tabagistas tem chance 3 vezes maior de ter apneia que não tabagistas.

    • Outras condições médicas: gravidez, insuficiência cardíaca, hipotireoidismo, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e asma, acromegalia, síndrome dos ovários policísticos.

    Para o diagnóstico de Apneia Obstrutiva do Sono, é essencial a realização de um exame chamado polissonografia. A polissonografia é realizada durante o sono e avalia vários parâmetros como os fluxos de ar na via aérea, a oxigenação sanguínea, o eletroencefalograma, o eletrocardiograma, além dos movimentos de pernas e a posição do paciente. Antigamente, este exame era realizado apenas em laboratório de sono. Porém, o surgimento de aparelhos mais modernos possibilitou sua realização na própria casa do indivíduo, avaliando seu sono habitual.

    Existem várias opções para o tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono. A avaliação do otorrinolaringologista permite definir o melhor tratamento. Inicialmente, medidas comportamentais devem ser adotadas, como perder peso, realizar atividades físicas, cessar tabagismo e evitar bebidas alcoólicas. O otorrinolaringologista, após avaliar a anatomia das vias aéreas do paciente apneico, pode indicar tratamento cirúrgico, caso a anatomia seja favorável. As cirurgias mais comumente realizadas são:

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    Uvulopalatofaringoplastia (figura abaixo) e a faringoplastia lateral, cirurgias que envolvem a retirada das amígdalas e a modificação da posição dos músculos da garganta;  

    • septoplastia e turbinectomia, cirurgias cujo objetivo principal é a desobstrução do nariz.

    Dependendo da gravidade da Apneia Obstrutiva do Sono e da característica anatômica da boca do paciente, aparelhos ortodônticos podem ser utilizados para tratar a doença.
    Por último, em muitos casos é indicado o uso de CPAP (figura ao lado), aparelho que aplica ar sobre pressão na via aérea através de uma máscara nasal, o que evita a obstrução. É um aparelho prático, silencioso e eficaz, porém boa parte dos pacientes apneicos têm dificuldade em se adaptar ao seu uso contínuo.
     

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    A Apneia Obstrutiva do Sono, quando não tratada adequadamente, aumenta a chance de ocorrer diversas complicações, dentre elas:

    • Déficits cognitivos – dificuldade de concentração, diminuição da atenção, o que aumenta a chance de erros profissionais ou acidentes.

    • Acidentes automobilísticos – risco 6 vezes maior de acidentes automobilísticos em apneicos.

    • Infarto agudo do miocárdio – eleva a chance de infarto em 30%.

    • Acidente Vascular Cerebral (AVC) – eleva a chance de AVC em 50%.

    • Diabetes tipo 2 – é mais comum em apneicos.

    • Morte – indivíduos com Apneia Obstrutiva do Sono Grave não tratada tem 2 a 3 vezes maior chance de morte por qualquer causa que indivíduos não-apneicos.

    Diante disto, todo indivíduo que ronca ou que apresenta os sintomas de Apneia Obstrutiva do Sono deve fazer uma avaliação com médico otorrinolaringologista. Se diagnosticada a doença, o tratamento é fundamental para evitar complicações e para melhorar o sono e, consequentemente, a qualidade de vida.

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