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Especial 2021
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Mulher

Fase critica da Mulher?

  • Menopausa é o período fisiológico após a última menstruação. É quando estão sendo encerrados os ciclos ovulatórios da mulher, pois o organismo deixa de produzir, de forma lenta e gradual, os hormônios estrogênio e progesterona.

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    Lembra quando com mais ou menos 12 anos fomos apresentadas à esses mesmos hormônios e nossa vida deu uma guinada de 180°? Tínhamos uma vida alegre, descomplicada... até que de repente, sem nenhum aviso prévio, nosso organismo começou a passar por uma série de alterações hormonais e tivemos a primeira menstruação. E nós... assustadas, tivemos que lidar, simultaneamente, com uma série de transformações físicas, fisiológicas, psicológicas... Tivemos de deixar a infância para trás e adentrar pelos caminhos tortuosos da adolescência. Pois é, depois de mais ou menos 35 anos, sob o domínio dos hormônios, os mesmos estão nos abandonando e finalmente estaremos livres das cólicas, enxaquecas, TPM... Simples assim? Não. Quando o assunto é hormônio tudo é muito complexo. 

    Quando tivemos a primeira menarca nossa vida estava passando por uma série de transformações: início do colegial, interesse pelos garotos, aumento de responsabilidades... ou seja, estávamos deixando de ser criança e nos transformando em moças. Agora, novamente, estamos vivenciando muitas mudanças: nossos filhos estão saindo de casa, nossos pais estão envelhecendo e precisam mais de nós, algumas estão se aposentando... Além disso, algumas ainda estão passando por ajustes (e reajustes no casamento). E... de novo os nossos hormônios “enlouquecem” e temos que nos reorganizar para lidar com eles. E... novamente, apesar da idade (e teoricamente da maturidade), nos sentimos a mesma garota assustada que já fomos, pois sabemos que mais um ciclo da nossa vida terminou, e que o ciclo que se inicia traz consigo muitos e maiores desafios, pois estamos deixando nossa juventude para trás e nosso corpo está envelhecendo.
     
    No início da menopausa a nossa vulnerabilidade é maior, pois temos que lidar ao mesmo tempo com os sintomas físicos e psicológicos. Entre os físicos se destacam: os fogachos (ondas de calor intenso), a insônia, alterações na memória, diminuição da libido, secura vaginal, dor nas articulações, pele e cabelos ressecados, ganho de peso, palpitações... E entre os psíquicos, os que mais incomodam são: o desânimo, a instabilidade emocional, o aumento da ansiedade e irritabilidade e em alguns casos, a depressão. Ou seja, não é uma fase fácil, porém, como será vivenciada depende exclusivamente de cada uma.
     
    Temos que compreender que a menopausa, apesar de todos os seus desconfortos, não é uma doença, e sim, um processo evolutivo que se bem direcionado pode representar um renascimento. É hora de desnovelar o carretel do tempo e avaliar como temos nos apropriado dele, do tempo vivido, refletido, imaginado, odiado, temido, amado... e tentar compreender se a passagem dele por nós é vista como ameaça ou se a mesma também nos traz esperança. Passamos a vida em um torvelinho e não tínhamos tempo para nós e hoje podemos fazer muitas coisas que antes não podíamos, pois nos faltava disponibilidade, maturidade, visão, experiência...
     
    Temos que viver cada fase da nossa vida plenamente, com elegância e dignidade. É hora de assumir quem somos e principalmente gostar de quem somos, de valorizar os ganhos e relativizar as perdas. Quando éramos jovens estávamos excessivamente preocupados em “ganhar a vida” e provar quem éramos e para que viemos. Hoje, teoricamente, já somos “experts” na arte de viver e já não temos que provar nada aos outros, só a nós mesmos.
     
    Se pretendemos viver até os 90 anos temos que programar com carinho e maturidade o que faremos nos próximos 45 anos e compreender que envelhecer pertence, exclusivamente, ao corpo físico, já a maturidade pertence à alma, é crescimento interior, nunca para e só acaba, quando morremos. Viver não tem que ser necessariamente difícil, angustiante, desgastante... Pode ser doce, leve, agradável... Não podemos continuar vendo a passagem do tempo como subtração, mas sim como adição. Feliz menopausa, feliz digna + idade.
     
    por Gizele Rabelo

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