Dr. Adriano Pinto Ribeiro, especialista em ortopedia, traumatologia e cirurgia do quadril. (e-mail: [email protected]).
Estudos indicam que os calçados com salto alto surgiram na Idade Média e eram usados pela nobreza. A partir da popularização desses acessórios pela indústria da moda, eles se multiplicaram em modelos, design e tipos de saltos, permitindo às mulheres fazerem diversas combinações. A fama do salto alto é devida à elegância, imponência e sensualidade que ele oferece às consumidoras. Mas esses ganhos têm seu preço: dores e até lesões na região dos pés e na coluna.
Indústrias do calçado classificam como altos os saltos acima de 8,5 cm (centímetros), sendo que de 6 a 8,5 cm são considerados médios. Os saltos variam em tipos: agulha, quadrado, sorvete, Anabela e vírgula. O agulha é tido como o mais elegante de todos e o que atinge maior altura, portanto, o que mais oferece riscos com o uso contínuo.
O médico Adriano Pinto Ribeiro, especialista em ortopedia, traumatologia e cirurgia do quadril, ressalta que as mulheres não precisam se alarmar, mas que seria bom usarem com moderação os modelos acima de três centímetros. Segundo o Dr. Adriano, o salto alto altera a distribuição da carga fisiológica, do peso e a marcha, a maneira de andar da pessoa, tornando mais difícil o caminhar e o equilíbrio. “Quando é aquele salto agulha, é pior ainda, pois também pode piorar a estabilidade”, observa.
Por alterar a distribuição de carga de peso, o salto alto pode ocasionar dores na região anterior do pé, calosidades, inflamações em tendões e nervos. O sapato de salto alto e bico fino pode piorar deformidades preexistentes, como a joanete, por exemplo. Ele deixa as articulações do tornozelo e joelho mais instáveis, podendo predispor a entorses, quedas, podendo até mesmo ocasionar fraturas, dependendo da intensidade do trauma.
“Pessoas mais obesas, idosas e com alguma patologia ortopédica em membros inferiores e coluna, devem evitar o uso de sapatos que dificultem a marcha. Devem usar aqueles mais anatômicos e confortáveis”, recomenda o especialista.
Mas as mulheres não precisam abrir mão desses calçados que conferem tantos bons adjetivos e podem usá-los eventualmente para ir a festas, bailes e outras ocasiões sociais com elegância e charme.
Segundo o médico, o uso eventual dos saltos não é prejudicial. No dia a dia e em circunstâncias mais rotineiras, devem ser evitados saltos acima de 3 cm. Os calçados tipo Anabela são mais indicados por conferirem um bom amortecimento para os pés, mas é bom ficar atento para que a curvatura do salto não seja muito acentuada.
RASTEIRINHA
Da mesma forma que os saltos altos, o uso contínuo dos calçados baixos do tipo rasteirinha, sapatilha e os sapatos masculinos de solado duro não são recomendados para uma boa saúde dos pés, joelhos e coluna.
A plataforma muito alta é perigosa porque deixa o equilíbrio da pessoa mais instável, sujeitando-a a tombos com possíveis lesões no tornozelo, ligamentos e até fraturas.
Por falta de amortecimento, as rasteirinhas e as sapatilhas não protegem os pés do impacto contra a superfície dura dos pisos, o mesmo ocorrendo com os sapatos de solado e salto duros. “O fato de andarmos em superfícies duras exige que usemos calçados com amortecimento. Conseguimos caminhar descalços por mais tempo na areia e na grama do que na pedra ou chão duro, podemos usar essa analogia”, observa o Dr. Adriano.
Tendinite, inflamações, esporão de calcâneo (desenvolvimento anormal do osso do calcanhar), artrose, são condições que podem ser agravadas pelo uso de calçados baixos e sapatos duros.
A insistência da pessoa pode tornar a lesão crônica, o que irá dificultar o tratamento e impossibilitá-la de usar tanto as rasteirinhas quanto os saltos. “As pessoas não devem andar em lugar duro com sapato duro. Se tiver dor, pare de usar o calçado e observe por algum tempo, se a dor persistir, procure o médico”, orienta o especialista.
Enio Modesto