Ricardo Patrese Galdino, sua esposa Sirlei e filho Kaíke comemoram o recomeço, após o susto.
Ricardo é casado com a funcionária pública Sirlei Jerônimo e é pai de Kaíke. Apesar do transplante ele continua o tratamento contra a hepatite C. Ricardo teve cirrose hepática em 2009, e mesmo com a doença ele não mudou seus hábitos e continuou consumindo bebida alcoólica, o que provocou a deterioração do fígado.
“Foi tudo provocado pela bebida. A Dra. Rosana Porto foi que diagnosticou a necessidade do transplante, pois o fígado já estava comprometido e estava comprometendo outros órgãos também, como os rins e o baço. Eu estava muito inchado e em estado grave”, conta Ricardo.
A esposa Sirlei conta que Ricardo chegou a ser desenganado por um médico em Passos, que disse a ela que seu marido teria apenas seis meses de vida. Ele foi encaminhado para o hospital Albert Einstein pela médica infectologista Dra. Rosana Porto.
Ricardo deu entrada no Einstein depois de ser avaliado por uma equipe de especialistas do hospital. Ele foi admitido pela política de filantropia do Hospital Israelita, e recebeu todos os cuidados necessários. “No Einstein são cinco, seis transplantes de fígado por dia, é uma estrutura extraordinária, gigantesca. Em poucos dias nós tivemos que nos mudar para São Paulo, já que para fazer o tratamento nós teríamos que dar um endereço de lá”, afirma Sirlei.
“Em 2015, aqui em Passos, foram cinco casos de cirrose descompensada. Três morreram, e dois conseguiram se salvar através do transplante.”
Antes do transplante, Ricardo teve pneumonia e choque anafilático. Ele foi para a UTI e chegou a ser desenganado também pelos médicos do Einstein.
Sirlei conta que chegou a receber duas ligações do Albert Einstein dizendo que havia oferta de fígado para Ricardo, porém, o órgão não estava em bom estado e não foi possível o transplante. Na terceira tentativa, segundo Sirlei, deu certo e foi possível ser realizado o transplante.
“A cirurgia começou às 7h da manhã e durou nove horas e foi bem sucedida. Ricardo teria que continuar o tratamento, com hemodiálise e medicação”, conta Sirlei.
Ricardo diz que sua alimentação hoje é normal, só que ele segue à risca as orientações médicas, e não comete mais nenhuma extravagância. “Tem que ser regrada. O normal é comer de três em três horas e não comer muito, tomar bastante água e fazer sempre exames. O acompanhamento médico é fundamental, e o tratamento foi muito bom. É importante que as pessoas se conscientizem quanto à importância de doarem órgãos, doarem sangue, pois pode salvar muitas vidas”, enfatiza Ricardo.
Sirlei destaca ainda a eficiência do serviço de Transporte Fora de Domicílio (TFD) da Prefeitura de Passos, que levou Ricardo a São Paulo para fazer o transplante e ainda o leva para fazer o tratamento na capital paulista.
Ela diz que pretende fazer uma mobilização em Passos no dia 27 de setembro, que é o Dia Nacional da Doação de Órgãos, para que as pessoas se conscientizem quanto à importância da doação de órgãos.
Os riscos causados pelo consumo excessivo de bebida alcoólica
Dra. Rosana Porto Viana Teixeira-médica infectologista.
A médica infectologista Dra. Rosana Porto Viana Teixeira, que acompanhou o tratamento de Ricardo Patresi e o encaminhou para o Hospital Albert Einstein, explica que o álcool leva as células do fígado a uma corrosão. “O fígado fica enrijecido, causando primeiro a inflamação, depois a fibrose, que é uma ferida e, posteriormente, acontece a destruição da arquitetura do fígado.”
De acordo com a médica, a cirrose é medida numa escala de 0 a 4, e quando chega ao grau 4, já pode ser considerada uma cirrose hepática. A partir do momento em que é diagnosticada a cirrose, ela pode ser compensada ou descompensada.
“Quando é compensada, o tratamento pode ser feito através de acompanhamento médico, e quando já está na fase descompensada, há necessidade do transplante. Em 2015, aqui em Passos, foram cinco casos de cirrose descompensada. Três morreram, e dois conseguiram se salvar através do transplante”, afirma Dra. Rosana.
A médica explica ainda que em casos de pessoas que bebem além do limite, é recomendável que façam exames regularmente, já que em seis meses podem ocorrer alterações no organismo.
“As pessoas têm que saber que o álcool é tóxico e pode levar à morte, assim como o cigarro. Tem que ter responsabilidade ao fazer uso de bebida alcoólica, pois quando as pessoas bebem em excesso é como se estivessem provocando um suicídio. O ideal é que essas pessoas procurem um tratamento antes da situação chegar nesse ponto mais grave. Pode ser um grupo de apoio ou então tratamento psiquiátrico. É importante também uma alimentação saudável, baseada em frutas e legumes”, finaliza.
Renato Rodrigues Delfraro.