O quadril é uma região do nosso corpo suscetível a diversas dores devido a lesões causadas pelo impacto das atividades do dia a dia, como o esporte, e de algumas doenças. Essa suscetibilidade ocorre porque essa estrutura óssea é responsável pela sustentação da coluna e ligação dos membros inferiores com o tronco. O tratamento das lesões, em vários casos, acontece somente por meio cirúrgico. Uma das novas técnicas cirúrgicas empregadas pelos médicos especializados é a videoartroscopia do quadril, que é um procedimento minimamente invasivo e com resultados satisfatórios para os pacientes.
O sistema é composto de aparelhos modernos que geram imagens da articulação e permite o acesso seguro do cirurgião ao quadril. Em vez de grandes incisões, esse tipo de cirurgia é feito com dois ou três pequenos cortes e menos riscos de complicações.
O benefício é ter o quadril natural preservado, diminuindo uma possível necessidade de realizar cirurgia de prótese no futuro, desde que a doença não esteja em fase avançada. Outra vantagem do procedimento é o pós-operatório com menos dor, recuperação mais rápida e início precoce da fisioterapia, permitindo uma reabilitação precoce do paciente.
Embora a videoartroscopia do quadril seja praticada no Brasil já há algum tempo, ela chegou a Passos somente em 2014, trazida pelo ortopedista Ciro Jabur Pimenta, que fez especialização nessa técnica no Hospital Madre Teresa, de Belo Horizonte. “É uma cirurgia importante em dois aspectos: a curto prazo, permite ao paciente voltar às suas atividades normais, sem dores, e, a longo prazo, impede que haja a degeneração da articulação no futuro”, disse.
Segundo o médico, é importante observar que a causa de dores no quadril costuma não ser diagnosticada precocemente ou não encaminhada a tempo, prejudicando o tratamento adequado e agravando a doença. Uma razão para a dificuldade do diagnóstico é que as dores provenientes das lesões de quadril costumam se irradiar para a coluna lombar, coxa e joelho, levando a diversos exames e tratamentos inadequados. “É possível melhorar muito a qualidade de vida quando a doença é diagnosticada no início”, disse.
CAUSA DAS DORES
As lesões do labrum estão entre os problemas mais comuns que afetam o quadril e provocam dores. Elas são, geralmente, consequências de alterações dos ossos do quadril, de atividades esportivas ou movimentos extremos.
Outra causa é o choque anormal entre o fêmur e o acetábulo (cavidade do osso do quadril onde se articula o fêmur), chamado de síndrome de impacto femoro acetabular. A incidência dessa síndrome na população em geral é em torno de 15%, sendo que muitos desconhecem a doença.
Essas lesões podem ser de dois tipos: CAM e PINCER, sendo que a característica da primeira (CAM) é o contorno anormal entre o colo e a cabeça femoral. E é mais comum em pessoas do sexo masculino ao redor dos 20 anos de idade. A segunda (PINCER) se caracteriza pelo excesso de cobertura do acetábulo sobre a cabeça do fêmur, e é mais frequente em mulheres a partir dos 40 anos de vida.
IMPORTÂNCIA
A grande maioria desses casos pode ser tratada pela videoartroscopia, segundo o Dr. Ciro Pimenta, prevenindo muitas vezes a evolução para o desgaste ósseo, chamado de artrose do quadril, lesão muito incapacitante, com grande repercussão na qualidade de vida dos pacientes. “Quando a artrose se instala, o tratamento reservado seria uma prótese do quadril, com suas limitações e restrições à vida do paciente”, observa o médico.
Dr. Ciro Pimenta ainda relata que essa cirurgia é mais comum em pacientes jovens, que ainda não possuem alterações degenerativas na articulação do quadril. Além disso, a incidência vem aumentando junto com o avanço nas práticas esportivas, visto nas últimas décadas, mundialmente.
DOR NA VIRILHA
O estudante de engenharia Guilherme de Melo Godoy, 31 anos, de São Sebastião do Paraíso, se submeteu à cirurgia do quadril por vídeo recentemente, para tratar de uma lesão que lhe causava intensa dor na virilha após jogar futebol. “Levei muito tempo para descobrir o que exatamente estava acontecendo. Tratei com vários médicos, sendo diagnosticado de maneira errônea, fazendo tratamentos para as costas e músculos das pernas”, disse.
Guilherme Godoy não conhecia a videoartroscopia de quadril, até que foi diagnosticado e tratado pelo Dr. Ciro Pimenta. Segundo o paciente, que gosta também de andar de bicicleta, o procedimento cirúrgico foi rápido e tranquilo, tendo deixado apenas duas pequenas e “insignificantes” cicatrizes na parte lateral da coxa. “Hoje, estou totalmente recuperado, não sinto nenhuma dor na virilha, nem na região da cirurgia. Minha vida é normal. Eu posso fazer exatamente as mesmas atividades que fazia antes de ter a lesão”, conta.
Enio Modesto.