Os acidentes de trânsito com vítimas estão entre os principais atendimentos do Corpo de Bombeiros, instituição militar capacitada para lidar com as mais diversas situações nas mais adversas condições com o objetivo de salvar vidas, resgatar vítimas e prevenir danos. Segundo as estatísticas de acidentes de trânsito da 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros que abrange a região de Passos, no período de 1º de janeiro a 22 de junho deste ano, foram 119 vítimas socorridas.
Os acidentes foram os mais variados possíveis, envolvendo diversos tipos de veículos, com as motocicletas (sozinhas ou contra outros veículos ou objetos) ocupando a primeira posição na lista de ocorrências, com 74 vítimas no período.
Um acidente de trânsito, seja na cidade, seja em rodovias ou estradas, atrai muita gente. Alguns com a intenção de ajudar, chamar o socorro especializado, sinalizar o local em que a batida ou capotamento ocorreu; outros, no entanto, com o objetivo apenas de saciar a curiosidade.
“Nosso maior problema são os curiosos, que muitas vezes chegam a atrapalhar o atendimento e se colocam em situação de risco no local da ocorrência”, diz o segundo sargento André Luiz Lopes Alves, da 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros. Segundo ele, nas ocorrências atendidas pela corporação, a maioria das pessoas que presencia um acidente de trânsito parece apenas curiosa com o fato e se preocupa mais em registrar o ocorrido em fotos e vídeos de celulares do que em ajudar a vítima.
“Se ele puder entrar no carro para tirar uma foto, fazer uma imagem, ele entra. Esse é um problema sério que a gente tem. Muitas vezes, nem é a tentativa de socorrer, é o curioso fazendo imagem”, revela o sargento, que recorda um caso ocorrido alguns anos atrás em Belo Horizonte, onde ele trabalhava.
Após serem acionados para atender um acidente rodoviário a cerca de 20 minutos do quartel, o sargento Luiz Lopes e sua equipe chegaram ao local e depararam com um grupo de curiosos em comportamento inadequado diante da situação.
“Chegando lá, tinha cinco ou seis pessoas tirando fotos, filmando, mas nenhuma se aproximou da vítima, que estava gritando e agonizando dentro do veículo. Isso chamou a atenção da gente. A pessoa se preocupou em filmar, manter o celular ligado uns 20 minutos, mas em momento algum ela se dirigiu àquela pessoa para perguntar o que poderia fazer, para dar a mão a ela, para dar uma tranquilidade. Em momento nenhum. Eles filmaram o tempo inteiro, mas não se preocuparam em ir lá (até à vítima), achei isso uma frieza...”
Os bombeiros militares são treinados para o socorro e resgate de vítimas de acidentes em qualquer circunstância. Além do treinamento por que passa cada um dos bombeiros, os quartéis possuem veículos e equipamentos adequados para promover a segurança do atendimento e oferecer à vítima as melhores condições de socorro.
De tempos em tempos, os bombeiros passam por cursos de requalificação em atendimento pré-hospitalar, denominado entre eles de APH. O mais recente ocorreu em Belo Horizonte e teve entre os participantes o sargento Luiz Lopes. Ele foi encarregado de compartilhar o aprendizado com os colegas de quartel. “O atendimento pré-hospitalar e pós-hospitalar são alvos de análise constante, com procedimentos reavaliados e até modificados para melhor desempenho da equipe e melhor resultado do trabalho”, explica o sargento.
O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTE COM VÍTIMA
A partir de seus conhecimentos e experiência em socorro e resgate, o sargento Luiz Lopes, da 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros, fala o que cada cidadão deve fazer em casos de acidentes de trânsito com vítimas. A primeira providência é sinalizar o local, para alertar os outros motoristas, e acionar o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193. Ao ser comunicada do ocorrido, a central de atendimento do quartel já comunica a Polícia Rodoviária.
“Se você não tem treinamento, não tem conhecimento adequado, às vezes, sua tentativa de retirar aquela vítima pode até agravar uma lesão e piorar a situação. Um trauma de coluna, por exemplo, que até então poderia ser estabilizado até a chegada ao hospital, se manipulado de forma incorreta, pode definir uma tetraplegia daquela pessoa”, alerta o sargento Luiz Lopes.
Ainda segundo ele, o socorro com a manipulação da vítima deve ser feito apenas em casos extremos, quando o custo-benefício dessa ação se justifique. Um exemplo é a retirada da vítima de dentro ou das proximidades do veículo em chamas ou risco iminente de incêndio. Nesse caso, a pessoa acidentada pode ser removida para um local seguro para evitar que ela se queime.
Em outras situações, o melhor que as testemunhas podem fazer é se preocupar em detalhar para os bombeiros as condições do acidente. “Quanto mais informações chegam, mais fácil será pra gente lidar com a ocorrência. Assim que o atendente recebe aquela ligação, ele já me repassa as informações e a gente já sai daqui tratando de uma estratégia, os materiais e as viaturas que a gente vai utilizar naquele atendimento”, observa Luiz Lopes.
Chegando ao local, as principais providências dos bombeiros são: garantir a segurança da vítima, dos socorristas e demais envolvidos na ocorrência; acessar e estabilizar a vítima quanto à respiração e pulso e, depois, removê-la e conduzi-la para a unidade de pronto atendimento (UPA) ou Santa Casa, o que depende da gravidade das lesões da pessoa socorrida.
Outra questão é sobre o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que é outro serviço de atendimento pré-hospitalar de urgência. Segundo o sargento Luiz Lopes, em algumas situações específicas o Samu e o Corpo de Bombeiros atuam juntos, com um dando apoio ao outro.
No entanto, as diferenças principais entre os dois socorros é que o Samu possui ambulância de suporte avançado, com um médico na equipe de socorristas, enquanto que o Corpo de Bombeiros possui equipamento para acessar as vítimas presas nas ferragens.
A opção por um ou outro serviço de socorro depende da situação. Em ocorrências de casos clínicos, quando a pessoa passa mal em casa, no trabalho ou na rua, o mais indicado é chamar o Samu. Em acidentes de trânsito, o Corpo de Bombeiros é o mais indicado.
Enio Modesto
EM CASO DE NECESSIDADE LIGUE:
SAMU: 192
CORPO DE BOMBEIROS: 193