Assim como nosso corpo, o cérebro precisa de manutenção e treinamento. Além de ter uma alimentação balanceada, ingerir pouca bebida alcoólica e controlar o estresse, precisamos hoje fazer exercícios cerebrais para melhorar nossa qualidade de vida.
A ciência já encontrou várias formas para prolongarmos a vida, mas ainda existem poucos recursos dedicados à saúde mental: o mais conhecido deles é a ginástica cerebral, que vem conquistando adeptos em todo o Brasil.
A ginástica cerebral oferece ao cérebro experiências fora da rotina, variadas e com graus de desafios crescentes. Essa prática tira o cérebro da zona de conforto e estimula o desenvolvimento de novas redes neurais e a produção de neurotransmissores (endorfina, dopamina, adrenalina, noradrenalina, etc.) que aumentam a qualidade das sinapses (conexão entre os neurônios), ampliando a capacidade de processamento e a reserva cognitiva do cérebro.
Se as conexões não estão “ligadas” corretamente, os dendritos (prolongamentos ramificados das células nervosas que recebem e processam informações através das sinapses) podem atrofiar. Isso reduz a capacidade do cérebro de incluir novas informações na memória, além de dificultar a recuperação de informações antigas.
Assim como os exercícios físicos ajudam a manter e melhorar a forma física, a ginástica cerebral pode ajudá-lo a melhorar sua capacidade mental. A neurociência comprova a capacidade extraordinária do cérebro de se adaptar e mudar padrões de conexões com o conceito de neuroplasticidade.
Para isso, neurocientistas já conseguiram comprovar que estimular o cérebro com atividades novas e desafiadoras aumenta nossa capacidade de aprender e nosso desempenho profissional.
Quando estimulado, o cérebro ativa novas conexões sinápticas e potencializa suas habilidades. Programas de treinamento bem projetados podem ajudar a desenvolver partes do cérebro, melhorando as funções de memória, atenção e concentração.
Para reforçar esse conceito, a neurocientista Carla Tieppo lembra que este incrível órgão do corpo humano está envolvido em todas as atividades que realizamos, influenciando nossa vida pessoal e profissional. “A lógica de trabalho de nosso sistema nervoso pode influenciar muitas de nossas atitudes e decisões, sejam afetivas ou racionais no trabalho”, afirma a especialista.
Estimular o cérebro de forma adequada, com frequência, melhora os níveis de atenção, a capacidade de organização, memória, além de autoestima e coordenação motora. Por este e por outros motivos, a ginástica cerebral vem conquistando muitos adeptos, inclusive na terceira idade. São pessoas que querem ser mais ágeis, produtivas, criativas e manter o cérebro jovem até o fim da vida.
“O conceito científico de neuroplasticidade mostra que todo mundo pode se modificar. Através dos estímulos organizados de ginástica cerebral, o cérebro é capaz de restabelecer conexões neurais e melhorar seu desempenho”, afirma Carla Tieppo.
Com o desenvolvimento das capacidades do cérebro, os praticantes da ginástica cerebral também se sentem mais confiantes e se tornam mais sociáveis, o que os ajuda também a ir bem na carreira. Além de ser uma prática saudável, que não tem efeitos colaterais, a ginástica cerebral é prazerosa e tem resultados concretos em seis meses.
Ler, aprender, fazer novas amizades, assim como a ginástica cerebral, são sempre atividades que trazem benefícios ao cérebro, porque estimulam todas as áreas, desenvolvendo as múltiplas inteligências. Como benefícios de curto prazo se destacam mais velocidade de raciocínio, criatividade, concentração e disciplina. A longo prazo, o ganho efetivo é em qualidade de vida e autodisciplina. A neuroplasticidade acontece em todos os períodos da vida.
Algumas dicas simples podem acrescentar muito no dia a dia das pessoas e contribuir para melhorar o desempenho cerebral como ler bons livros, fazer amizades, conhecer lugares novos. Estes são exemplos de atividades para o cérebro, porque ativam redes de conexões neurais. Assim como acontece com a ginástica para o corpo, para se obter resultados mais concretos, é necessário manter uma frequência, com acompanhamento de profissionais capacitados. Existem também as neuróbicas que são como exercícios aeróbicos para os neurônios. Consistem em “atividades surpresas”, que tiram seu cérebro da rotina. Por exemplo, realizar algumas atividades de olhos vedados, tentar tomar banho de olhos fechados, escrever com a mão não dominante, mudar os móveis de posição ou simplesmente trocar o relógio de pulso.
Os exercícios para o cérebro, realizados de forma adequada, desenvolvem habilidades como atenção, agilidade para tomar decisões, facilidade na resolução de problemas cotidianos, pensamento crítico e criativo, comunicação efetiva e facilidade para relacionamento interpessoal.
por Maria Lúcia Nunes Souza