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Saúde

Tratamento de reprodução assistida: A busca de soluções para a infertilidade

  • A gravidez ainda é um dos principais sonhos na vida das mulheres, assim como muitos homens cultuam o desejo pela paternidade. Só que não são todos que conseguem realizar este sonho com facilidade, e os motivos que podem impedir um casal de gerar filhos são diversos. O médico ginecologista Dr. Rodrigo Mendes Barreto fala sobre o tratamento de reprodução assistida, voltado para homens e mulheres que enfrentam dificuldades para reproduzirem.

    O ginecologista Dr. Rodrigo Mendes Barreto.
    O ginecologista Dr. Rodrigo Mendes Barreto.

     

     

     
    O tratamento de reprodução assistida é voltado para casais que encontram dificuldades para ter filhos. O ginecologista Rodrigo Barreto atualmente desenvolve este tratamento em parceria com uma clínica de Ribeirão Preto. Ele afirma que a infertilidade atinge 15% dos casais que querem engravidar, e alerta sobre a necessidade destes casais buscarem o tratamento.
     
    “São vários os fatores que podem levar à infertilidade, tanto nos homens como nas mulheres. Cerca de 40% dos casos de infertilidade são relacionados aos homens. A ausência de espermatozoide pode ser causada por doenças ao longo da vida, como caxumba, ou alguns hábitos, como andar muito de moto ou de bicicleta, ficar com o computador por muito tempo na região do púbis, o uso de drogas, como anabolizantes ou medicamentos antidepressivos, tudo isso diminui a produção de espermatozoides. Em alguns casos, o homem faz uma vasectomia para ficar infértil, mas depois se arrepende, e nem sempre a vasectomia é reversível”, explica Dr. Rodrigo.
     
    Entre as mulheres, o médico afirma que as causas mais comuns que provocam a baixa ovulação e dificultam a gravidez vão desde problemas nos ovários, passando por doenças no útero, como endometriose, mioma e obstrução nas trompas, além de fatores como obesidade, alimentação e tabagismo. “A endometriose, por exemplo, é uma das doenças mais frequentes entre as mulheres que têm infertilidade. Seu tratamento é complexo, passando desde tratamentos com vários tipos de medicamentos, sendo até mesmo necessário fazer cirurgias” em alguns casos, esclarece.  
     
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    O Dr. Rodrigo Barreto explica ainda que entre os fatores que dificultam a gravidez, o mais complexo está relacionado à idade da mulher. “O maior problema é que na medida em que a mulher envelhece os óvulos vão ficando ruins, e a chance de serem fecundados vai diminuindo. Uma mulher na faixa dos 30 anos, que se submete ao tratamento de reprodução assistida, a chance de ela engravidar varia entre 50% e 60%, logo na primeira vez. Uma mulher aos 40 anos que tenta engravidar com seus próprios óvulos tem uma chance de engravidar de 2%. Eu sugiro às mulheres que hoje estão na faixa entre 28 e 30 anos, e que não tem planos de engravidar neste momento, que congelem seus óvulos para que não tenham dificuldade de engravidar mais à frente, fazendo o chamado armazenamento genético. Se elas coletarem seus óvulos aos 30 anos e forem fazer a fecundação aos 40 anos, o óvulo vai agir como se ainda tivesse 30 anos, que é quando ele foi coletado, e não como de 40 anos. Caso não tenham dificuldade para engravidar, não há problema, pois o óvulo é uma célula e pode ser descartado ou mesmo utilizado para outros fins medicinais”, orienta o Doutor.

    O médico orienta ainda que no caso de pessoas que vão se submeter ao tratamento de câncer, é necessário que seja proposto imediatamente ao paciente, tanto homens como mulheres, que façam o armazenamento genético de gametas. “O médico deve ter a sensibilidade de oferecer isso ao paciente. A pessoa passou por um tratamento de câncer há alguns anos atrás, se curou, mas o tratamento quimioterápico pode deixá-la infértil. Daí a necessidade de congelar seus óvulos ou espermatozoides para não correrem o risco de ficar com esta sequela mais a frente”, destaca o ginecologista.
     

    Como funciona o tratamento 
     
     
    Segundo o Dr. Rodrigo Barreto, há dois tipos de tratamento de reprodução assistida: os de baixa complexidade e os de alta complexidade. Os casos de baixa complexidade podem ser resolvidos por meio de um tratamento simples, com alguma medicação, ou no próprio consultório médico, pois são situações de corrimento vaginal, infecção, entre outros. 
     
    “Já o tratamento de alta complexidade vai desde a coleta do espermatozoide do homem para ser tratado e colocado no útero da mulher, a chamada inseminação, até o tratamento de fertilização in vitro, em que é passada uma medicação para estimular o ovário da mulher, fecundando o espermatozoide com o óvulo fora do útero. Nestes casos a gente espera o embrião começar a se desenvolver, e depois ele retorna ao útero da mulher, sendo considerado um tratamento de alta complexidade”, explica o ginecologista. 
     
    Franciele Pereira Silva passou por tratamento de endometriose com o Dr. Rodrigo Barreto, ao lado do marido Renato Alberto Silva, esperam pela chegada de Alice.
    Franciele Pereira Silva passou por tratamento de endometriose com o Dr. Rodrigo Barreto, ao lado do marido Renato Alberto Silva, esperam pela chegada de Alice.

    De acordo com o Dr. Rodrigo Barreto, a maior parte do tratamento é feito em Passos, como o diagnóstico, todos os exames necessários, as medicações, o acompanhamento de evolução dos óvulos, o acompanhamento do útero. O casal deve ir à clínica em Ribeirão Preto apenas no dia de coletar os óvulos e de transferir o embrião. “O tratamento hoje está orçado em R$10 mil. É um tratamento de ponta e o custo é menor do que nos grandes centros, só que os recursos utilizados são os mesmos, como a medicação e todo o acompanhamento”, ressalta.

    Outro ponto salientado pelo ginecologista é que, assim que a mulher engravida através do tratamento, a gravidez é considerada normal, e não há necessidade de cuidados especiais. “O objetivo do tratamento de reprodução assistida é fazer o casal engravidar. O tratamento em si resolve essa dificuldade, e a partir daí, a gravidez é normal. O tratamento de reprodução assistida permitiu que muitos casais tivessem seus filhos e contempla diversos casos, desde pessoas que optam pela chamada produção independente, ou até mesmo casais homoafetivos que desejam ter seus filhos”, salienta.

     O Dr. Rodrigo Barreto faz questão de enfatizar que em todo tratamento que é feito com o óvulo ou espermatozoide vindo de um banco de sêmen, é garantido ao doador anonimato. 
     
    Ele cita o exemplo de um casal de mulheres que pretendiam ter um filho. Uma das mulheres doou o óvulo e foi usado o banco de sêmen. Uma vez fecundado o embrião, ele acabou sendo fecundado pelo óvulo da outra parceira. “As duas participaram geneticamente do processo. Foi registrado como filho de duas mulheres, e a criança foi batizada na Igreja Católica. Foi o primeiro caso em Minas Gerais de um casal homoafetivo que conseguiu o registro da criança como sendo seu filho, após a legalização da união homoafetiva no país”. 
     
    O casal Franciele Pereira Silva, 27 anos, e Renato Alberto Silva, 32 anos, conseguiu realizar o sonho da gravidez após Franciele passar por um tratamento contra a endometriose. Ela foi diagnosticada com a doença logo que iniciou o tratamento com o Dr. Rodrigo Barreto. Após passar por todas as etapas do tratamento, ela engravidou, e juntamente com o marido, aguardam ansiosos pela chegada da filha Alice. 
     
    “Nenhum dos ginecologistas pelos quais eu passei conseguiram diagnosticar essa doença. Eu passei por uma cirurgia, tive que tomar anestesia geral, foi necessário retirar a metade do meu ovário esquerdo e o útero estava bem comprometido pela endometriose. Eu voltei ao consultório do Dr. Rodrigo após a cirurgia e ele me recomendou uma injeção chamada zoladex, que é aplicada na barriga. Eu consegui as injeções através da Secretaria Estadual de Saúde e tive que tomar quatro aplicações. Um ano após o tratamento, eu consegui engravidar. Eu agradeço a Deus por ter encontrado o Dr. Rodrigo, que é um médico que passa muita confiança ao paciente, e foi através desse tratamento que consegui realizar o meu maior sonho, que é o de ser mãe”, destaca Franciele.
     
    Renato Rodrigues Delfraro

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