Um grupo de pessoas, que se juntaram para criar uma Casa de Apoio à pacientes com câncer. Assim, surgiu em 2002, o Gapop-R (Grupo de Apoio a Pacientes Oncológicos de Passos e Região). Fundado por Caetano Bícego, Suzana Machado e Nilda Conde, que na época eram portadores de câncer e faziam tratamento fora de Passos.
Duas das fundadoras do Gapop-R, Suzana e Nilda falam sobre como surgiu a ideia de criar um grupo de apoio a pacientes oncológicos, no início dos anos 2000, quando ambas faziam tratamento contra o câncer. “Na época ainda não existia o Hospital Regional do Câncer de Passos, os pacientes tinham que fazer tratamento fora, era tudo muito difícil. Daí surgiu a ideia de montar uma casa de apoio para atender pacientes oncológicos. Nós tivemos um grande apoio da Santa Casa, através da psicóloga Cristina Maia e do diretor administrativo Daniel Porto, que nos ajudaram muito a montar a casa de apoio. A ideia era dar apoio aos pacientes que faziam tratamento e também trazer outras pessoas que já tinham tido câncer”, explicam.
Suzana e Nilda afirmam que no início foi tudo muito difícil, devido a falta de recursos. Elas ressaltam a importância do apoio que a comunidade regional vem dando a entidade ao longo desses 16 anos. Elas lembram com carinho de Caetano Bícego, outro fundador do Gapop-R, já falecido. “O Caetano dizia que agradecia por ter tido câncer, pois através da doença foi possível criar o Gapop-R”, ressaltam.
MEMBROS DO GAPOP-R: Maria das Graças Freire Oliveira - Presidente e Clélia Monteiro - Coordenadora geral. MEMBROS DA LOJA MAÇÔNICA DEUS, JUSTIÇA E FRATERNIDADE: Jayme Teixeira - Venerável, Mauricio Silva - Presidente e Raul Silveira - Delegado Regional do Grão Mestre da Loja Maçônica e membro da Comissão de Construção.
De acordo com Clélia Monteiro, atual coordenadora geral do GAPOP, é servida uma média de 300 refeições por dia, algo em torno de 70.000 refeições por ano. Atualmente a equipe da entidade é composta por 100 voluntários frequentes e 11 funcionários. “É servido café da manhã e da tarde para os pacientes e acompanhantes, tanto no Gapop-R quanto no Hospital do Câncer (os que se encontram na sala de espera e quando autorizado pela assistente social do Hospital do Câncer), e almoço para todos que chegam no Gapop-R, inclusive para alguns motoristas que atuam como voluntários na casa”, ressalta.
Os voluntários do Gapop-R ajudam na cozinha, no refeitório, na padaria, no artesanato e no bazar. Existe ainda um espaço com camas para que pacientes possam se acomodar enquanto esperam o atendimento ou descansar depois de passarem pelas sessões de quimioterapia e radioterapia. Da mesma forma, é disponibilizado também um quarto para os motoristas descansarem.
“O Bazar funciona diariamente, as pessoas trazem roupas, calçados e outros objetos para serem vendidos. Nós precisamos também de doações de materiais de limpeza, que a gente não recebe tanto, e gastamos muito, diariamente”, afirma a presidente do Gapop-R, Maria das Graças Freire Oliveira, a Dadaça.
Ampliação do atual prédio
Clélia Monteiro, coordenadora geral, explica que com o aumento do número de pacientes torna-se necessário fazer uma ampliação. “A intenção é ampliar a cozinha e o refeitório, como necessidades prioritárias. O refeitório está muito pequeno, comporta apenas 60 pessoas por vez; enquanto um grupo almoça, o outro fica esperando. Também pretendemos fazer uma garagem, uma sala para triagem dos alimentos, um depósito e uma lavanderia, tudo isso só no primeiro andar”, ressalta a coordenadora.
Raul Reis Silveira, que é delegado regional do Grão Mestre da Loja Maçônica Deus, Justiça e Fraternidade, e membro da comissão de construção, acompanha o trabalho do Gapop desde o início da parceria. Ele explica que a parceria da entidade com a Loja Maçônica começou quando um dos fundadores do Gapop-R procurou o apoio dos maçons para fortalecer a entidade.
“O Gapop-R começou em uma casa alugada na Rua José Merchioratto e depois foi para a Rua Boa Vista, até conseguirmos construir a atual sede. O Caetano Bícego procurou a Loja Maçônica com a pretensão de fazer algo maior”, explica Raul.
Desde o início da parceria até os dias atuais, o Gapop-R recebe total apoio da Loja Maçônica Deus, Justiça e Fraternidade, que inclusive destinou a atual sede, em forma de comodato, à entidade.
A expectativa da diretoria do Gapop-R é fazer uma ampliação de 600 m² no espaço físico do prédio, e o valor estimado para a obra é de R$600.000,00. De acordo com Maurício Antonio da Silva, presidente da Associação Maçônica Deus, Justiça e Fraternidade, a intenção é angariar este recurso através de rifas, eventos beneficentes e com o apoio da comunidade.
“Nós temos que arregaçar as mangas e começar agora. A participação da comunidade é de fundamental importância para a realização dessa obra e para manter o funcionamento da entidade. Estamos realizando duas ações entre amigos para chegar a R$300.000,00 e assim começar a obra já em outubro. O Gapop-R é uma entidade filantrópica que sobrevive de doações. Não existe ajuda do poder público, seja do governo federal, estadual ou municipal. Nós esperamos contar com o apoio e a participação da comunidade de Passos e região. Não tem outra forma de trabalhar que não seja com esse apoio”, destaca Jayme Antônio Rattis Teixeira, venerável da Loja Maçônica Deus, Justiça e Fraternidade.
Equipe de Voluntários na padaria.
Maioria dos pacientes é da região
A direção do Gapop afirma que 90% dos pacientes atendidos pela entidade são de cidades da região, cerca de 50 municípios.
A paciente Maria Aparecida de Oliveira, de Piumhi, faz tratamento contra o câncer há um ano. Ela ressalta a importância do acolhimento que o Gapop proporciona aos pacientes oncológicos. “Aqui a gente tem apoio, carinho, tem muitas amizades aqui dentro. O café da manhã servido aqui é muito gostoso, a gente sai por volta das 4:30 da manhã de Piumhi, muitas vezes sem comer nada, e aqui nós tomamos um café reforçado, além do almoço que é uma delícia e o café da tarde que é muito bom também. Eu estou fazendo a radioterapia e venho todos os dias, é um lugar que nos ajuda muito”, destaca.
Dadaça (presidente) e Clélia Monteiro (coordenadora) reforçam a importância do apoio que a comunidade tem dado ao Gapop-R ao longo desses 16 anos. “Nós queremos fortalecer o vínculo do Gapop-R com a comunidade. É necessário que as pessoas venham conhecer e ver de perto o trabalho que é feito aqui. Teremos muito prazer em recebê-los”, finalizam.
Renato Rodrigues Delfraro
Dormitórios para pacientes.