O colesterol é um tipo de gordura que circula no sangue ligado a lipoproteínas. Ele é dividido em frações: a LDL-c, que é a fração ruim, a que causa aterosclerose, que é o acúmulo de gordura nas artérias. AHDL-c que é uma fração protetora, e a VLDL-c que é outra fração derivada dos triglicérides, que é um outro tipo de gordura no sangue. Cerca de 30% dos brasileiros tem colesterol alto. Entre os jovens, de 12 a 17 anos, a taxa é de 20%.
O médico Dr. José Ronaldo Alves diz que da taxa de colesterol no sangue cerca de 70% vem do fígado e 30% vem da alimentação. Depois de passar pela circulação sanguínea, o colesterol precisa ser retirado novamente pelo fígado. Uma pessoa magra pode ter colesterol alto. Isso porque os níveis de colesterol no sangue dependem da taxa de remoção do colesterol pelo fígado. Leva-se muitos anos para uma placa de “gordura” se desenvolver e, com isso, provocar infarto ou AVC. Quanto mais avançada a idade, maior o risco, observa.
O Cardiologista afirma que é muito importante manter também os outros fatores de risco bem controlados. Além dos níveis de LDL, é preciso controlar a glicose, a pressão, não fumar e reduzir o peso, quando estiver acima do preconizado. “Os alimentos ricos em colesterol são os de origem animal, leite e derivados, embutidos, frios, frutos do mar e gorduras saturadas presentes nas carnes gordurosas, leite de coco e óleos de dendê. Os ácidos graxos trans, encontrados na gordura hidrogenada (sorvetes, chocolates, bolos, margarinas) aumentam a LDL-c e o triglicérides e diminuem o HDL-c, devendo ser desaconselhado seu uso.
Sobre a necessidade do uso de medicamentos para pacientes com colesterol alto, o médico faz algumas ponderações. “Embora exista algumas críticas ao tratamento medicamentoso para pacientes que tem colesterol alto, a medicina, baseada em evidências, trabalha com estudos científicos que mostram que tratar colesterol com medicamentos para pacientes que tem risco alto ou muito alto para doenças cardiovasculares é necessário, e reduz a mortalidade. O medicamento apontado pelas diretrizes europeias, americanas e brasileiras são as estatinas. Apesar de algumas contraindicações, o benefício para sua utilização é muito grande, e a redução de evento cardiovascular é indiscutível e comprovado cientificamente nesses estudos.”
Ainda de acordo com Dr. José Ronaldo, o objetivo do tratamento do colesterol é evitar eventos cardiovasculares e consiste em medidas não farmacológicas e medidas farmacológicas. “O tratamento não farmacológico são mudanças no estilo de vida, o que passa por uma redução no consumo dos alimentos ricos em colesterol, prática de exercício regular, tanto exercício aeróbico quanto exercício resistido, manter o peso adequado, não fumar, entre outras atitudes. São mudanças no estilo de vida, independente do risco cardiovascular, e isso é recomendado para qualquer pessoa.”
Já no tratamento medicamentoso, o cardiologista afirma que é recomendado que seja feita a estratificação do risco cardiovascular do paciente, antes de ser recomendada a medicação. “A Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia validaram uma calculadora que calcula o risco de a pessoa ter um evento cardiovascular nos próximos 10 anos. São quatro categorias: baixo, intermediário, alto e muito alto risco. Para cada categoria é recomendado uma meta de LDL, de acordo com o risco”, observa.
Segundo Dr. José Ronaldo, antes de prescrever um medicamento para o colesterol, o médico tem que calcular este risco. “O primeiro passo é saber se a pessoa já teve um evento cardiovascular prévio ou tem alguma doença aterosclerótica grave, que é uma placa de gordura que obstrui mais de 50% da luz da artéria. Se esse paciente tem mais de 50%, ele está na categoria de muito alto risco, ou seja, tem uma grande chance de ter um infarto, fatal ou não fatal, um AVC, fatal ou não fatal, nos próximos 10 anos. Com isso, o tratamento do colesterol tem que ser muito agressivo, a LDL-c dessa pessoa tem que ser menos de 50mg/dl. O outro passo é saber se o paciente é diabético. Só de ser diabético já tem um risco intermediário. O terceiro passo é saber se ele tem doença aterosclerótica subclínica, função renal diminuída, aneurisma de aorta abdominal ou a LDL-c maior ou igual a 190mg/dl. Se ele tem, também é considerado um paciente de alto risco. O quarto passo é ver a idade, quanto maior a idade maior o risco de o paciente ter evento cardiovascular. O sexo, porque a doença varia entre sexo masculino e feminino. Se o paciente é hipertenso, e se já toma ou não medicamento para a pressão alta, se é tabagista. Se o paciente tem baixo risco, há a recomendação de mudança no estilo de vida por seis meses, se ele não conseguir atingir a meta, terá que iniciar o tratamento medicamentoso. Se é de risco intermediário, a mudança do estilo de vida será por três meses para atingir a meta antes de iniciar o tratamento medicamentoso, e os pacientes de alto e muito alto risco já é recomendado tratamento medicamentoso desde o início”, esclarece.
Sobre o efeito das estatinas, o cardiologista diz que existem as de baixa, intermediária e alta potência.
“Outros medicamentos são a ezetimiba, que diminui a absorção de gordura no intestino, e pode ser associada à estatina quando só a estatina isoladamente não consegue atingir a meta. Os inibidores da PCSK 9, também podem ser associados à estatina quando a meta também não é atingida isoladamente e na hipercolesterolemia familiar. Essas são as três classes de medicamentos mais utilizadas atualmente no combate ao colesterol. As estatinas são as drogas de escolha, e não é adequado passar a estatina sem fazer a estratificação do risco cardiovascular do paciente. Mesmo com a diminuição nos índices, tem que continuar lutando para manter o colesterol dentro da meta. Os pacientes de alto e muito alto risco terão que tomar estatina por tempo indeterminado”, salienta.
Dr. José Ronaldo afirma que a principal causa de morte no mundo, considerando ambos os sexos e todas as idades, é o infarto agudo do miocárdio, enquanto a segunda causa é o acidente vascular cerebral (AVC). “Essas duas doenças têm em comum o fato de serem causadas por fatores de risco que são comuns e acarretam as duas doenças, que são o colesterol aumentado, a dislipidemia, a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, a obesidade, o tabagismo e o sedentarismo.
Quando a gente fala em mudança no estilo de vida é no sentido de diminuir a prevalência dos fatores de risco para diminuir a incidência de doença cardiovascular, que são as doenças que mais matam no mundo inteiro. É muito importante a prevenção e a promoção da saúde. Para prevenir as duas maiores causas de morte no mundo temos que combater os fatores de risco. É importante o papel de uma equipe multidisciplinar para fazer esse acompanhamento, cardiologista, clínico geral, endocrinologista, educador físico, nutricionista. Trabalhar todos os fatores de risco para evitar que a pessoa tenha um infarto ou AVC”, finaliza.
Renato Rodrigues Delfraro