O coronavírus COVID-19, que colocou o mundo em alerta no começo do ano e já causou milhares de mortes, chegou ao Brasil no final de fevereiro, com a confirmação do primeiro caso de infecção de um brasileiro em São Paulo. O paciente de 61 anos havia chegado da Itália, para onde viajara a trabalho, mas não apresentava sinais graves da doença. Entretanto, as autoridades federais e estaduais passaram a monitorar todas as pessoas que tiveram contato com ele, principalmente durante o voo de volta ao país, a fim de evitar a possível propagação do vírus.No final de fevereiro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 80 mil casos da doença haviam sido confirmados em 49 países, passando de 2,8 mil o número de mortos, dos quais mais de 2,7 mil ocorreram na China, país em que a transmissão começou, conforme se suspeitava até aquela data.
No Brasil, embora houvesse vários casos suspeitos, apenas um foi confirmado até então, mas sem transmissão local, uma vez que o paciente se contaminou na Itália, país em que 12 pessoas já haviam morrido em decorrência da infecção.
Nesse período, Passos encontrava-se livre do coronavírus, no entanto as autoridades municipais e estaduais de saúde já estavam municiadas com o suporte técnico e as publicações para profissionais de saúde para se prevenirem contra o agente causador da doença, segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Passos, Paula Fabiana Tavares Freitas Santos.
A Vigilância Epidemiológica de Passos está trabalhando em parceria com todas as unidades de saúde do município. “Estamos atentos e vigilantes, com o objetivo de detectar e diagnosticar precocemente qualquer caso suspeito para que a transmissão de pessoa a pessoa seja interrompida e todas as medidas necessárias sejam realizadas”, explica a coordenadora.
INÍCIO DA TRANSMISSÃO
Conforme a linha do tempo traçada pelo Ministério da Saúde para acompanhar a evolução da doença no mundo e planejar as ações no país, os primeiros casos suspeitos de infecção por coronavírus foram notificados em 8 de dezembro, com a identificação do agente causador ocorrida mais de 20 dias depois.
As transmissões se espalharam a partir de Wuhan – capital da província de Hubei, habitada por mais de 10 milhões de pessoas e situada na região central da China. No entanto, no final de fevereiro, pesquisadores chineses descartaram essa localidade como origem da transmissão. A informação é da Agência Brasil EBC (órgão de comunicação do governo federal), segundo a qual os pesquisadores analisaram 93 amostras de vírus coletadas em 12 países, mas ainda não sabiam qual seria o epicentro da transmissão.
Em 3 de janeiro de 2020, o Brasil pediu esclarecimentos à OMS, em dois dias a entidade fez o primeiro comunicado de que havia 44 casos de pneumonia de causa desconhecida relacionada ao Mercado de Frutos do Mar de Wuhan.
De acordo com o Ministério da Saúde, os coronavírus humanos são uma família de vírus que causam infecções respiratórias. Eles foram descobertos em 1937, mas sua descrição só ocorreu 28 anos depois, quando lhes foram dados o nome devido a seu perfil no microscópio parecer com uma coroa.
Segundo o ministério, a maioria das pessoas se infecta com um tipo de coronavírus ao longo da vida e o que tem causado risco de epidemia é um novo agente causador da doença COVID-19. Suspeita-se que a transmissão desse novo agente começou com o consumo de carne de cobra ou morcego, que fazem parte do hábito alimentar de alguns habitantes de Wuhan.
PASSOS EM ALERTA
Em Passos, segundo Paula Fabiana, os profissionais de saúde já estavam cientes da síndrome respiratória aguda na primeira semana de janeiro e devidamente orientados, informados e atualizados pela Superintendência Regional de Saúde (órgão da Secretaria de Saúde de Minas Gerais), com todo o material disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
“As unidades de saúde do município e os profissionais de saúde estão orientados a realizar a notificação imediata para a Vigilância Epidemiológica mediante um caso suspeito e estão aptos a desempenhar as ações de controle e cuidado com o paciente”, explicou a coordenadora, que é enfermeira e referência técnica da Situação da Saúde.
Até o final de fevereiro, nenhum caso havia sido registrado em Passos, mas a atenção era total nos postos e ambulatórios municipais e Unidade de Pronto Atendimento (UPA), para que qualquer paciente que apresentasse os sintomas de coronavírus fosse atendido de acordo com o protocolo e, notificada a Vigilância Epidemiológica.
“Nesse momento, é muito importante a integração entre todos os setores, desde a atenção primária até a rede hospitalar, onde protocolos e fluxos devem ser estabelecidos, otimizando os cuidados necessários para garantir a interrupção da doença e a melhora do paciente”, observou Paula Fabiana.
Enio Modesto