Esqueça as tintas, a cabeça raspada e os trapos cobrindo o corpo do futuro acadêmico; pedir moedas para "recreação" no semáforo não é mais um costume também. A moda agora, nesse nosso mundo extremamente digital, é o "trote" nas redes sociais.
O trote, famoso ritual de iniciação e integração entre calouros (“bixos”) e veteranos, tem origem na Idade Média, quando raspavam o cabelo dos novos estudantes a fim de precaver possíveis doenças e hoje é mais um motivo de inspiração para os futuros universitários, que estudam ansiosos para a tão sonhada vaga no Ensino Superior durante seus anos de preparação (quase sempre) escolar.
As escolas, os professores, os pais e os próprios estudantes são tomados por uma infinidade de sentimentos que geram, entre outros, uma ansiedade sem igual. Todos eles buscam formas tradicionais, alternativas e até milagrosas para conseguirem as almejadas aprovações.
Em se tratando de trotes percebe-se que os solidários e saudáveis vêm, felizmente, ganhando mais adeptos do que aqueles que ferem os calouros, física ou psicologicamente, gerando traumas e até desistências em alguns casos. Entre os trotes saudáveis, um proposto pelos veteranos da Faculdade de Direito da UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais), de Passos, foi realizado através do uso de uma famosa rede social: os calouros precisavam venerar seus veteranos, numa espécie de aprovação pelos mesmos.
No meio de algumas dessas "bênçãos" pedidas aos veteranos, uma em especial é a maior motivadora desse texto:
Na ocasião, o calouro que solicita a bênção é, ninguém mais, ninguém menos que o pai da veterana Bruna. Com palavras emocionantes e carinhosas, Rodolfo faz as devidas solicitações, admirado e contente pela situação. Além de Rodolfo, Jaderson, o namorado de Bruna, também foi aprovado e cursará a faculdade.
Rodolfo, amante do português e com facilidade nas ciências exatas, passou a acompanhar sua filha nos vestibulares que a jovem começava a prestar em 2013. Para incentivá-la e para retomar um antigo sonho – o de se formar em Direito, Rodolfo realizou o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) no mesmo ano. Mesmo com altas pontuações, a faculdade de Direito em Passos (ainda particular) não aceitava como critério de seleção pessoas que tivessem feito somente o ENEM.
Há alguns anos, quase na década de 90, Rodolfo ingressara na faculdade de Direito de Divinópolis, mas voltara para Belo Horizonte por condições financeiras restritas e por ser a cidade na qual morava sua família. Na cidade, optou por fazer um curso técnico em eletrônica no CEFET e após se formar, estudou para passar no concurso da Hidrelétrica de Furnas, empresa na qual trabalha há 18 anos.
Rodolfo e Elza, sua esposa, formam um casal apreciadíssimo por todos aqueles que os conhecem. Além disso, possuem uma relação extremamente saudável com sua filha e o namorado. Muito felizes todos estão empolgados com o início das aulas e do curso para que, daqui alguns anos, estejam todos muito bem formados.