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Especial 2021
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Esporte e Saúde

Marcus Vinicius Freire

  • Marcelo Campos Machado
  • Diretor Executivo de Esportes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

     

    Quem é Marcus Vinicius Freire? 

     
    Em qualquer lugar que eu vá, independente da minha formação profissional e de minha carreira fora das quadras, sou sempre apresentado como medalhista olímpico com a geração de prata nos Jogos Olímpicos Los Angeles 1984, no voleibol. 
     
    Além da medalha olímpica, conquistei o ouro nos Jogos Pan-americanos de Caracas-83 e o bronze na Copa do Mundo do Japão 81 com a seleção brasileira. Joguei em diversos clubes no Brasil e também na Itália. Tive que encerrar a carreira de atleta precocemente em 1990 após uma cirurgia de hérnia de disco na coluna.
     
    Depois de abandonar a carreira terminei a minha formação em Economia, com MBA em Seguros e Marketing. Trabalhei algum tempo em bancos e seguradoras, ao mesmo tempo em que chefiava, de forma voluntária, as delegações brasileiras nos Jogos Olímpicos Sydney 2000, Atenas 04 e Pequim 08.
     
    Em 2008, pouco antes do Rio de Janeiro conquistar o direito de ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016, fui convidado pelo presidente Carlos Arthur Nuzman para ser o diretor executivo de esportes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e liderar a preparação da delegação brasileira para este que é o momento mais importante da história do esporte brasileiro.
    Casado com Cláudia Liechavicius, pai de Kim e Lucca, gaúcho de Bento Gonçalves, escolhi o Rio de Janeiro como minha cidade de coração".

     

     
     

    O que é o COB e quais seus objetivos?

     
    O COB é uma organização não governamental que trabalha na gestão técnica-administrativa do esporte, atuando no desenvolvimento dos esportes olímpicos no Brasil.
     
    Sua missão é atuar no esporte de alto rendimento; liderar a estratégia de desenvolvimento do esporte e de preparação de modalidades olímpicas, com a anuência dos presidentes das Confederações; e contribuir com os formadores (clubes, escolas, associações, estados, municípios) à inserção social através do esporte, à prática da cidadania e à formação de atletas para o alto rendimento. Para isso o COB elaborou um Mapa Estratégico, que tem por objetivo nortear a execução de sua missão, tornar e manter o Brasil uma potência olímpica.
     
    Dentre o seu quadro funcional o COB conta hoje com 24 atletas de modalidades olímpicas e pan-americanas. Além disso, possui uma Comissão de Atletas formada por 20 membros.
    Neste momento, o COB lidera o desafio de preparar o Time Brasil para a primeira edição dos Jogos Olímpicos da América do Sul.
     

     

    “Os resultados dos últimos anos indicam que estamos alcançando um dos nossos principais objetivos para chegar ao Top 10.”

    Quais são as metas ou perspectivas no quadro de medalhas?

     
    A meta do COB não determina um mínimo de medalhas e sim uma colocação no quadro geral de medalhas: o Top 10.
     
    A tendência dos últimos três anos é que o top 10 deva ser alcançado com algo abaixo de 27, 28 medalhas, que foi a referência dos Jogos Olímpicos de Londres 12 e Pequim 08.
     
    Pelos resultados internacionais dos últimos anos, acreditamos que com cerca de 24 medalhas seja possível alcançar o Top 10 nos Jogos Rio 2016.
     
    Como comparativo, em Londres 12 o Brasil bateu o seu recorde de medalhas, com 17 no total, ficando na 16ª posição pelo total de medalhas. Sendo assim, nossa meta é agressiva, mas temos a convicção de que temos a possibilidade de alcançá-la.
     
     
    Quais modalidades que se desenvolveram nos últimos anos?
     
     

    Os resultados dos últimos anos indicam que estamos alcançando um dos nossos principais objetivos para chegar ao Top 10, que é o de aumentar o número de modalidades chegando ao pódio em Mundiais. Nos últimos três anos, o Brasil alcançou as primeiras colocações em 15 modalidades, o que vem ao encontro dos objetivos traçados no Planejamento Estratégico do COB, estabelecido em 2009.

     
    Além das conquistas em modalidades em que o Brasil já conta com um histórico de bons resultados olímpicos, novos esportes chegaram ao pódio em campeonatos mundiais neste ciclo, como o handebol, maratonas aquáticas, lutas e a canoagem velocidade. Além dessas, outras como o tiro com arco, polo aquático e tênis também alcançaram resultados expressivos em competições equivalentes aos mundiais. 
     

     

     
     
    Outro ponto relevante foi a manutenção da ginástica artística e do pentatlo moderno, que conquistaram medalhas inéditas em Londres 12, assim como o boxe, que não trazia uma medalha olímpica desde 1968, no rol dos vencedores em mundiais. Também obtiveram resultados de destaque em competições internacionais, a canoagem slalom, o ciclismo, a esgrima, o levantamento de peso, o hipismo, o tênis de mesa e o tiro esportivo.
     
    Estamos com o alerta ligado o tempo todo, acompanhando com atenção o desempenho de nossos principais atletas e equipes. Um dos principais focos de atenção do COB e suas equipes multidisciplinares para o período até os Jogos é no trabalho de prevenção e de recuperação dos atletas para minimizar o número de baixas.
     
     
    Qual atleta ou modalidade será destaque no Rio 16?
     
     Para o COB, o mais importante nesse tipo de avaliação é perceber que modalidades nas quais o Brasil nunca medalhou em Jogos Olímpicos começam a apresentar possibilidades reais de medalhas para o país. Isso prova que o nosso trabalho está caminhando na direção correta e que estamos possibilitando, junto às Confederações Brasileiras Olímpicas, o surgimento de atletas com potencial olímpico em diversas novas modalidades.
    Temos a certeza de que novos heróis olímpicos surgirão com os Jogos Olímpicos Rio 2016.
     
     

    Qual esporte, possivelmente, trará mais medalhas para o Brasil?

    Essa avaliação é feita internamente e discutida com as comissões técnicas das Confederações Olímpicas Brasileiras. O COB não cita publicamente os atletas com chances de conquista de medalhas para não pressioná-los e, da mesma forma, não desmerecer o trabalho e esforço dos que não forem citados.
     
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    Pelo trabalho que está sendo realizado dá para fazer uma projeção de meta de medalhas?
     
    A meta do COB continua a mesma traçada em 2009, colocar o Brasil entre os 10 países com o maior número de medalhas nos Jogos Olímpicos Rio 2016, independente da cor da medalha. Cabe ressaltar que o Brasil ficou na 16ª colocação pelo total de medalhas em Londres 2012. Em 2012, a Itália ficou na 10ª colocação pelo total de medalhas, com 28 medalhas e em Pequim 2008 foi a Ucrânia, com 27. Baseado nisso, projetamos chegar a um número de medalhas aproximadas a estes para alcançarmos nossa meta.
     
    É uma meta dura, porém dentro da realidade do esporte brasileiro. Estamos proporcionando aos nossos atletas, em parceria com as Confederações Brasileiras Olímpicas, a melhor preparação de todos os tempos e os resultados deste quadriênio demonstram que o esporte brasileiro segue evoluindo.

     

     
     
    O Brasil disputará todas as modalidades?
     
    Sim. Além do atletismo e natação em que as vagas olímpicas são conquistadas por índices, o time masculino de hóquei classificou-se ao ficar entre os seis primeiros nos Jogos Pan-americanos de Toronto.
     
    Entre os esportes coletivos, quais têm chance de medalhas e quais não têm?
     
    O brasileiro tem uma cultura de gostar dos esportes coletivos, de jogar em grupo, então voleibol, basquete, handebol e futebol são esportes muito populares aqui. Além desses coletivos, o Brasil tem história nos revezamentos de natação e atletismo, tem medalha nos dois, e eu acho que é cultural. Basicamente é uma história cultural de gostar de se reunir.
     

     

     
     
    A gente pode falar que o futebol masculino e feminino, voleibol masculino e feminino, basquete masculino, handebol feminino, agora o polo aquático masculino tem alguma chance, mas acho que o maior número de medalhas deverá vir de esportes individuais, e aí vamos lá para vela, judô, natação, atletismo, vôlei de praia, canoagem, boxe, lutas, levantamento de peso, e assim por diante.
     
    Acho importante dizer que o Brasil vai ter mais de 420 atletas. Para chegar ao nosso foco que é ser top 10, vão estar medalhando os esportes coletivos, algo em torno de 150 atletas. E os outros 250 o Brasil tem que continuar apoiando, suportando e a torcida ajudando para que ele tenha a melhor atuação da sua carreira aqui no Rio de Janeiro.
     
    Recentemente vimos a não classificação do nadador e campeão olímpico Cesar Cielo, mesmo assim, a nossa equipe masculina estará forte?
     

    Sem dúvidas teremos uma equipe forte na natação. O Cielo é um grande herói olímpico que conquistou resultados históricos para o esporte brasileiro e inspirou uma nova geração de talentos que está vindo com tudo. Os atletas que se classificaram fizeram os melhores índices e mereceram conquistar a vaga para o Rio 2016.

     
     
     

    Quais os maiores desafios enfrentados pela delegação brasileira?

     
    O COB está atento a todos os detalhes do planejamento que poderão fazer a diferença em 2016. Precisamos aumentar as vantagens de competir em casa e diminuir as desvantagens que esse fato acarreta. Para isso, montamos um conselho de treinadores, coordenadores e atletas de referência com o objetivo de compartilhar e multiplicar experiências com vistas ao bom desempenho do Time Brasil no Rio 2016. A história esportiva de todos os envolvidos neste grupo dá ao COB a certeza da significativa colaboração de cada um em relação às definições sobre condutas e procedimentos que serão adotados pela equipe brasileira durante os Jogos Olímpicos Rio 2016.
     
    Sem dúvida será uma edição especial de Jogos Olímpicos para os brasileiros. Alguns atletas se sentirão mais pressionados e outros mais motivados. Os atletas terão o apoio da torcida, seus familiares por perto, conhecimento dos locais de competição, do clima, enfim, uma série de fatores que devem ser encarados como positivos no momento da competição.
     
     
    Como você vê a evolução da participação olímpica brasileira?
     
    O esporte de alto rendimento no Brasil vem evoluindo bastante nos últimos anos. Um dado interessante é que entre 1920 e 1992, ou seja, 16 edições de Jogos Olímpicos, conquistamos 39 medalhas (9 de ouro, 10 de prata e 20 de bronze), uma média de 2,4 medalhas por Jogos. Já entre 1996 e 2012 (5 edições) foram 69 medalhas (14 de ouro, 20 de prata e 35 de bronze), o que dá uma média de 13,8 medalhas por Jogos.

     

     
     
    Nossa maior vitória nestes últimos anos, desde que ganhamos o direito de ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016, foi o alinhamento do pensamento. Conseguimos trazer para a mesma mesa, com investimentos para o mesmo direcionamento, Ministério do Esporte, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério da Defesa, Confederações Brasileiras Olímpicas e patrocinadores. Estamos todos juntos para realizarmos a melhor campanha possível nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
     
    Os atletas brasileiros hoje têm a possibilidade de preparação como os melhores do mundo, começando pelo treinador, brasileiro ou estrangeiro, utilização das ciências do esporte, local de treinamento, número de viagens de intercâmbio, de competições, equipamentos de última geração... Ou seja, o Brasil chegou ao padrão de Top 10. Falta agora chegar ao resultado daqui a um ano. É para isso que estamos trabalhando.
     
    Esperamos que o nível de investimento seja mantido para que nos Jogos subsequentes possamos continuar colocando as ações em prática para desenvolver o esporte olímpico brasileiro e mantê-lo num patamar elevado.
     
    O que você pode nos dizer sobre o futuro do esporte olímpico brasileiro?
     
    Vamos ficar melhor do que nunca. Estamos vindo em uma crescente; em 2002, nós tivemos o Sul-Americano; em 2007, nós trouxemos o Pan, e o esporte brasileiro já subiu de patamar. Em 2009, ganhamos o direito de trazer os Jogos Olímpicos, e melhorou ainda mais. Agora, em 2016, nós estamos no auge, de financiamento, público, privado, de ação dos patrocinadores, de interesse da imprensa, de conhecimento do público. Teoricamente 2016 é o auge disso tudo. Pode ser que logo depois caia um pouquinho, mas nunca mais voltaremos para 2009, nem 2007, muito menos para 2002. Então temos que aproveitar realmente essa curva ascendente para continuar fazendo o esporte bem feito no Brasil. 
     
    por Marcelo Campos Machado
     
     

    Marcus Vinícius Freire

    Marcus Vinicius Freire
    Marcus Vinicius Freire

     

    Marcus Vinícius Simões Freire nasceu em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, em 6 de dezembro de 1962. Filho de pai militar estudou e praticou esporte em diferentes cidades. Começou jogando basquete e handebol antes de se dedicar ao vôlei, primeiro no Flamengo e, depois Botafogo e SOGIPA, em Porto Alegre. Em 1980 foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira juvenil para o Sul Americano e em 1981 conquistou a medalha de prata no campeonato mundial juvenil em Colorado Springs nos EUA. Neste mesmo ano se transferiu para o Rio de Janeiro para jogar na recém formada equipe profissional da Atlântica-Boavista, depois Bradesco Seguros.

    Em 1982 com seleção foi as Universidades em Winnipeg no Canada e Mundialito no Rio e São Paulo, e acabou sendo cortado na ultima semana antes do Mundial da Argentina 1982.

    Em 1983 conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos de Caracas. No ano seguinte foi para os Jogos Olímpicos de Los Angeles e, como o jogador mais jovem da equipe, participou da conquista da inédita medalha de prata, a primeira medalha olímpica de um esporte coletivo para o país.

    Em 1984 voltou a Porto alegre para jogar pela equipe do Sul-Brasileiro. Jogou na equipe de Mantova Gabbiano na Itália de 1988 até 1990 quando foi forçado a encerrar a carreira de atleta devido a uma lesão na coluna.

    Formou-se em economia na Candido Mendes RJ, depois de ter iniciado estudos em Engenharia e Educação Física. Tem dois MBA’s: o primeiro em Seguros na PUC RJ e o último em Marketing no IBMEC RJ.

    Foi chefe da missão do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg em 1999, Santo Domingos 2003 e Rio de Janeiro em 2007. Também chefiou a missão nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim em 2008. 

    Participou também na preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno de Salt Lake 2002 e Torino 2006. 

    Foi membro da Assembleia Geral do COB de 1999 a 2008, até assumir o cargo de Diretor Executivo em janeiro de 2009. Sob sua direção levou as delegações dos Jogos Olímpicos de Inverno Vancouver 2010, Jogos Olímpicos da Juventude Singapura 2010, Jogos Pan-Americanos Guadalajara 2011, Jogos Olímpicos da Juventude de Inverno Innsbruck 2012, Jogos Olímpicos de Londres 2012, Jogos Olímpicos de Inverno Sochi 2014, Jogos Olímpicos da Juventude Nanjing 2014, Jogos Pan-Americanos Toronto2015 e Jogos Olímpicos da Juventude Innsbruck 2016.

    Hoje faltando menos de 100 dias para os Jogos Rio2016 é o responsável pela preparação dos atletas brasileiros para os Jogos em casa.

    É autor dos livros: Ouro Olímpico - A História do Marketing dos Aros - em parceria com a jornalista Deborah Ribeiro e do livro lançado em 2014, que se chama RESOLVA!

    Foi comentarista de vôlei do Canal SporTV e TV Globo durante 10 anos.

    Casado com a fonoaudióloga Claudia Liechavicius e pai de Kim e Lucca.

     
    Confira todas as fotos:
     
     
    Centro de treinamento
    Centro de Treinamento

     

    Centro de treinamento
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    Centro de Treinamento

     
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