Le Riad Bontempo, por Roberto Migotto: ambientes integrados (cozinha, sala de jantar e estar), com toque de verde na decoração, móveis com design mais limpo e detalhe para forro, em painel de madeira entalhada. Inspirada nas Riads, construções típicas do Marrocos, esta casa se abre para um pátio com jardim interno.
Ana Beatriz Pinto Coelho
Arquiteta e Urbanista - @biacoelhoarq
No ambiente Cisterna da Deca. Presença de vegetação, cortinas que enfatizam a verticalidade. Ao fundo, a cascata que se torna elemento principal.
Com o tema “A CASA VIVA”, esta edição se difere ao refletir não apenas as novas transformações e tendências arquitetônicas da casa, mas também as tendências sociais e urbanas. Percebe-se que houve uma preocupação com esta mudança da sociedade, que está cada vez mais aberta às novas conformações familiares, com aumento do número de idosos, de casais sem filhos, ou até um só morador. E assim, a CASA COR traz os “novos espaços”, como é o caso dos coworkings, ambiente de trabalho compartilhado, o Espaço da Longevidade, dedicado aos idosos, o Transtudio, onde “a transição de gênero é o ponto de partida do espaço, que traz à tona os dilemas e conflitos que acompanham o morador”, o WC No Gender, banheiro para uso de pessoas de todos os gêneros, o Coliving, espaço de convivência e atividade compartilhados pelas moradias privadas, dentre outros, também preocupados com questões sustentáveis.

A casa se abre para o exterior, trazendo o verde para dentro dos ambientes. A natureza passa a fazer parte da composição, e usa sua vida e calmaria para amenizar a correria do cotidiano. A iluminação natural ganha peso com o uso de grandes aberturas e elementos vazados, e cria ambientes aconchegantes e capazes de dispensar o uso intenso da iluminação artificial.
Num brilhante paradoxo, mostrando-nos que os extremos se tocam, ao passo que as novas tecnologias vão sendo desenvolvidas a casa começa a se voltar para sua simplicidade, para elementos naturais, para uma dinâmica mais racionalizada. Materiais como pedras naturais, madeira, fibras e cristais reaparecem e ganham espaço, possibilitando a reconexão do ser humano com a natureza. Aparecem muitas texturas e tramas, sejam nos adornos, móveis, forros. O ferro volta a ser utilizado de forma compositiva. Os elementos se simplificam, móveis passam a ter traços mais minimalistas.
E a casa se desenvolve ao entorno de espaços que valorizem o convívio. Diminui a setorização dos ambientes, e reafirmando uma tendência já vivenciada, os espaços tornam-se integrados ou demarcados com divisórias e elementos vazados, e coroados com um bom design. Aparecem quartos e banheiros integrados, salas e cozinhas, interior e exterior.
Tendências de cores já vistas desde Salone del Mobile de 2017 continuam firmes. É o caso das cores queimadas, do rosa, tons terrosos e principalmente o verde, que brincam em meio às cores neutras.
E assim, mais uma vez a CASA COR cria espaços e experiências incríveis.
por Ana Beatriz Pinto Coelho