O BÁSICO
Situado no extremo norte da África – que os marroquinos chamam de África Menor, ou Bérbere, ou Magreb – o Reino de Marrocos (que é o nome oficial do país) tem uma costa litorânea que se estende do Mar Mediterrâneo ao Oceano Atlântico. A Costa Mediterrânea é rochosa; a do Atlântico tem lá suas praias, mas esqueçam: ninguém vai ao Marrocos por conta de suas praias! Aí, na porção atlântica, é quando o continente africano quase toca no continente europeu: o Estreito de Gibraltar. São apenas 14 km de oceano que separa um continente do outro.
A presença humana na região do Marrocos data da pré-história. Fósseis encontrados próximo à Rabat – a capital administrativa do Reino – e Casablanca, a capital econômica, provam isso. Então, desde o início da humanidade na Terra, o Marrocos já foi ocupado por Fenícios, Cartagineses, depois os Bérberes (que são os habitantes do deserto). Mais um pouco, foi a vez dos Romanos do Império, dos Vândalos (nada a ver com os vândalos de hoje) e dos Bizantinos chegarem àquelas terras. Mas a história do Marrocos começa mesmo com os conquistadores árabes do século III, quando fundaram o primeiro reino. No século X outra invasão árabe criou um grande império e deu ao país suas dimensões atuais. Politicamente, o Marrocos moderno teve lá um protetorado imposto pela França e pela Espanha até 1.975, quando ao ter parte do Deserto do Saara reintegrado ao seu território foi, enfim, consolidada a independência do país – ou Reino. Viva Mohamed V!
MARROCOS PARA SENTIR
O Deserto do Saara em Merzouga.
Tudo isso posto e exposto, passaporte à mão para o desembarque no Reino do Marrocos – como fizeram 45 passageiros Munditur no final de fevereiro/início de março passado. Aterrissando em Casablanca.
A primeira impressão é de semi-analfabetismo: é impossível decifrar a escrita árabe... mas árabes costumam ser educados também em francês. Já podemos começar a conversar!
Casablanca é branca – offwhite, que é um branco encardido. São mais de 3 milhões e meio de habitantes que a chamam de “Casa”. Mas ela já foi “Anfa”, quando em seu início de cidade, no século VII.
Sim, Casablanca tem mais de 1.300 anos de idade. E é “Casablanca” desde 1.515: pouco depois de mandarem Pedro Álvares Cabral descobrir o Brasil, os portugueses atacaram a cidade, transformaram tudo numa fortaleza e deram o nome de Casablanca.
Entardecer na Praça Jemaa El–Fna e uma rua da Medina de Marrakesh.
Café no Jardim Majorelle.
Daí teve filme com o mesmo nome, que deu origem ao “Rick’s Café” visitado pelo grupo. Detalhe: ninguém ou nada da produção do clássico hollywoodiano “Casablanca” (1.943) passou pela cidade. O filme foi todo made in California. Mas o jantar no “Rick’s Café” não decepcionou. Principalmente pela comida!
Citytour, histórias e a outra atração imperdível de Casablanca: a visita à Mesquita Hassan II. A maior mesquita do planeta, a mais poderosa, a absoluta é, na verdade, tudo isso: poderosa, absoluta, gigantesca. Imperdível testemunho da fé humana. E novinha: mais de 25 mil operários – 20 mil deles, artesãos – ergueram a obra entre 1.986 e 1.993. Segundo maior templo do mundo, seu minarete (que é a “torre da igreja”) é também o mais alto para um templo: 200 metros de mármores, granitos e mosaicos indizíveis.
Próxima parada, Rabat. A Capital do Reino do Marrocos, 600 mil habitantes. Junto a Méknes, Fes e Marrakesh, compõe o quarteto de “cidades imperiais”. Ruínas de Oudayas e sua cidadela onde todas as casas são azuis; o mausoléu de Mohamed V, de impressionante beleza, junto a Torre de Hassan – ruínas do Império Romano. As portas (e jardins) do Palácio Real. Uma cidade com ares europeus, desenhada por arquitetos franceses. Berço de cegonhas, centenas de enormes cegonhas. E da maior floresta de cortiça do mundo. Mas tudo muito ocidental, ainda!
Fachada e detalhes da Medina de Fes .
Mosaico das ruínas romanas de Volubilus.
Uma das sete portas do Palácio Real em Fes.
Interior do Palácio Bahia.
Próximo a Méknes, o Marrocos começa a se mostrar em toda sua essência: seu povo, seus costumes, sua diversidade em cores, trajes e cultos. Temperos, aromas – os sabores – e tudo começa a parecer cenário das mil e uma noites. De Rabat, para Méknes. Logo na entrada, um pórtico (eles são tão comuns nas cidades marroquinas como uma igreja e uma praça da matriz no Brasil). Em Méknes eles são vários. A cidade, anterior ao século XIII, está situada entre três muralhas – 40 quilômetros de muralhas, ao todo - e dezenas de pórticos e portais. O portal de Bar Mansour é tido como o mais impressionante no país.
O casario em tons de terracota. As construções em adobe, sem quintais, com poucas janelas.
Os minaretes pontilhando as cidadelas. Gente nas ruas? Só quando se avista uma escola. Ou um mercado. Marroquinos são imbatíveis (insistentes, às vezes, chatos) na arte de negociar. Mas esperar o que de descendentes de fenícios? – povo que inventou o comércio... e os números!
A geografia marroquina é um caso à parte. Um caso divino – de Deus (ou Alá, ou Javé, Jeová, ou todos Eles). O país é uma amostra da grandiosidade divina em seu mais amplo poder da criação do mundo.
Jardim de Menara em Marrakesh.
Riad Ksar Ighnda, em Ouarzazate.
As areias do Deserto do Saara compõem um cenário impressionante. Antecedido por um céu onde se pode compreender o desenho das constelações inventadas pelos homens. Precedido por uma alvorada que vai mudando tons e cores das areias: do ocre, bege, laranja... as areias do Saara são, na verdade, avermelhadas.
Planícies áridas e semi-áridas até onde a vista alcança. Ou até aonde a Cordilheira do Atlas (a versão africana da Cordilheira dos Andes) divide uma parte do Marrocos com o restante do continente africano. Atlas com montanhas de mais de 4.000 metros de altura, de cumes nevados. De neve que derrete e dá origem à água consumida pela população lá embaixo. Ou pelos pastores de ovelhas e carneiros, nas montanhas.
Neve que transforma as colinas de Ifrane numa cidade como Campos do Jordão... mas lá tem pistas de esqui com neve natural. E macacos. E gorilas. Dromedários (camelos são típicos do Egito, não confundam).
Rodovias que sobem a quase 3 mil metros de altitude, cortam vilarejos entre canyons. Cidades de barro engastadas em montanhas à beira de uma planície coberta pelo verde musgo das tamareiras – um oásis. Mil e uma vezes belíssimos.
A “Garganta de Todra” e seus paredões de quase 400 metros de altura; a Fortaleza de Aït Ben Haddou – cenário de filmes hollywoodianos que se passam no passado ou num futuro distante, numa galáxia muito, muito distante.
Os mercados – as Medinas, impossíveis de serem descritas (mas, vamos lá: as medinas hoje são o testemunho da origem das cidades marroquinas; geralmente um agrupamento de comércio, edificado à beira de um oásis. Cercadas de muralhas, com portais monumentais de acesso. A Medina de Fes é uma “cidadela” de 92 mil habitantes dentro de uma cidade de 400 mil habitantes). As medinas são labirínticas, onde é impossível precisar o tempo – passado, presente, futuro. Coisas de histórias das mil e uma noites.
Cenas de ruas da Medina de Marrakesh.
Das mil e uma noites é também o povo marroquino. Em seu jeito de ser, sem se importar com o século XXI que atropela a vida do dia a dia. Com sua curiosidade para com os estrangeiros-turistas. Para não falar de seus trajes típicos para nós, do dia a dia, para eles.
Além de quase tudo isso, Marrocos tem Marrakesh. Cidade do Oriente e do Ocidente. Com sua Medina de ruas de pouco mais de 2 metros de largura e suas avenidas de mais de cem metros de largura. Jardins imperiais, de palmeiras, tamareiras, oliveiras. De congestionamentos de trânsito, a carruagens e carroças.
Um patrimônio mundial como são patrimônios mundiais tombados pela Unesco/ONU, vários cenários naturais, sítios arqueológicos, cidades históricas, ruínas e costumes imateriais do Reino do Marrocos.
Um reino de mais de mil e uma histórias.
Ou, para definir numa única palavra ainda aqui não escrita, o Marrocos é EXÓTICO.
“Exótico” deveria ser uma palavra única e de uso exclusivo do Marrocos e de seu povo.
Grupo Munditur nos jardins de La Cotobia, Marrakesh.
Confira todas as fotos:
Deserto do Saara. Marrocos.
Marrocos, via MundiTur, atravessando o deserto do Saara.