Desenvolvimento Cultural, a primeira edição do Festival Nacional de Teatro de Passos foi programada para acontecer entre os dias 13 e 18 de junho. Estava previsto receber 22 grupos teatrais, vindos de diversas partes do Brasil, duas exposições, cinco oficinas culturais, três shows musicais e a apresentação de três renomadas companhias teatrais: o tradicional Grupo Galpão de Belo Horizonte, o Micuim Produções de São Paulo e o Grupo Ueba do Rio Grande do Sul. Todas as apresentações foram gratuitas.
Nesta primeira edição, a ADESC contou com o patrocínio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e o Governo de Minas Gerais, entre outros apoiadores. Cerca de 150 pessoas trabalharam de forma voluntária na realização do evento.
De acordo com o idealizador e coordenador geral do projeto, Maurílio Romão, a ideia de realizar o Festival Nacional de Teatro em Passos surgiu há dois anos, e ganhou força em setembro do ano passado, quando começaram as reuniões com as pessoas que abraçaram a ideia e se uniram para colaborar com a realização do evento.
“Muitas mãos teceram este Festival. Muitas mãos, cabeças, pés, olhos, bocas, ouvidos, membros, sonhos... Todos formando um só corpo e dizendo:
Queremos arte!”
Maurílio Romão afirma que a ideia do festival surgiu da necessidade da cidade ter um evento desse porte, e assim, incluir Passos no circuito dos festivais.
“Passos é um celeiro de artistas e hoje temos aqui dois teatros, algo que poucas cidades do interior têm. A Trupe Ventania já participou de festivais em mais de 40 cidades. Criou-se uma perspectiva de fazer esse Festival em Passos, e colocá-lo no calendário de eventos do município. Queremos consagrar a ideia do Festival, de levar Cultura onde não tem, de valorizar o teatro de rua, fazer pontes da cidade com o teatro. É preciso sair da “cultura do bar”, e criarmos uma política cultural efetiva na cidade”, pondera o diretor.
A presidente da ADESC, Isabella Vieira, destaca que a realização do Festival só foi possível graças à iniciativa da entidade e à união de várias pessoas que se organizaram para promover o evento, e que mesmo com a parceria da Prefeitura de Passos, através do Departamento de Cultura (SECEL), a ideia é fazer com que o projeto não dependa do poder público para se estabelecer no calendário cultural da cidade. “Nós vamos trabalhar para conseguir recursos da Lei Rouanet, e assim poder ampliar parcerias para que o projeto se estruture cada vez mais nos próximos anos e possa remunerar todos os envolvidos: da produção à cena”, enfatiza.
A abertura oficial do Festival ocorre no dia 13, na Estação Cultura, com a peça “Os Gigantes da Montanha”, do Grupo Galpão. O espetáculo marcaria o retorno do Grupo Galpão à Passos, após 22 anos e também está dentro das comemorações dos 35 anos do Grupo Galpão.
Além da Estação Cultura, o Teatro Rotary, o Palácio da Cultura, a Casa da Cultura, a sede social do Rotary Club de Passos, o salão do Educandário Senhor Bom Jesus dos Passos, o anfiteatro do Colégio Estadual e a feira livre da Avenida JK são alguns dos locais para os quais estavam programadas a maior parte das apresentações e oficinas.
Nesta primeira edição o homenageado foi o professor e ator Silas Figueiredo, falecido em 2002, e que foi um grande incentivador das artes cênicas em Passos.
Um dos pontos altos da primeira edição do Festival é a presença do ator e dramaturgo Gero Camilo, que iria se apresentar com a peça “Aldeotas”, no Teatro Rotary, no dia 14, com produção da Micuim Produções, de São Paulo.
Maurílio Romão explica que os artistas que vieram participar das mostras competitivas ficaram hospedados na Escola Estadual Professora Júlia Kubitschek (Colégio Estadual). Além do alojamento oficial, os alunos do Ifsuldeminas criaram uma rede de hospedagem para abrigar as pessoas que vieram de outras cidades assistirem os espetáculos, pois os hotéis da cidade já estavam lotados.
Sobre as mostras competitivas, estavam previstos 22 espetáculos de diversos gêneros, e 11 categorias em disputa. Segundo Maurílio, o projeto deste primeiro festival tem um lado competitivo com 22 espetáculos concorrendo a um prêmio, e um outro de convidados com a apresentação de 3 renomadas Companhias de Teatro. “Festival vem da ideia de festividades temáticas, neste caso, o Teatro. Caracteriza-se por exaltar a ideia principal, congregando muitos nesse rito.”
Outro ponto enfatizado pelo diretor é a necessidade de eventos culturais não serem interrompidos. “Houve uma mudança de mentalidade das pessoas em relação à cultura em Passos, muito em função da falta do que fazer na cidade. Os alunos que estão vindo para Passos por causa da UEMG estão ajudando a impulsionar essa mudança. A reforma do Teatro Rotary, que está sob a manutenção da ADESC há três anos, depois de tantos anos de abandono, também tem sido muito importante nesse processo de mudança”, ressalta Maurílio.
A ADESC Regional - Associação de Desenvolvimento Cultural foi criada em 2009, com o objetivo de fomentar e difundir a arte e a cultura de Passos e região, fazendo com que a população usufrua de seus direitos culturais. Desde então, já realizou diversos projetos de difusão e fomento à cultura, como o “Primeiros Passos na Cultura”, sendo também premiada no 6º Prêmio Cena Minas e no Circula Minas, dentre outros. Em 2014, assumiu a gestão do Teatro Rotary, revitalizando-o e sendo responsável por sua manutenção até os dias atuais.