MARCO TÚLIO COSTA, escritor, homenageado na III FLIPASSOS e Presidente da Comissão de instalação do PMLL.
Marco Túlio interagindo com as crianças.
FOCO: Qual sua avaliação dessa terceira edição da Feira Literária?
MTC: Senti pela reação do público e de participantes que o local agradou muito. Como nas edições anteriores, houve envolvimento das escolas, o que é muito importante. A participação de editoras foi outra novidade. A programação foi muito intensa e, claro, nem tudo convém fazer no mesmo ambiente. Um aspecto relevante desta edição são os eventos direcionados a bibliotecários, professores e mediadores de leitura.
FOCO: Acredita que houve uma evolução de um ano para outro?
MTC: Tanto o prefeito Renatinho Ourives quanto a Secretária da SECEL, Zineti Rattis, quanto o Caju, da Cultura, se referiram à II Flipassos, realizada em novembro de 2017, como uma feira mais tímida. Eu acredito que ela foi importantíssima, porque resultaram daquela edição duas decisões que estão definindo os rumos de Passos como cidade-leitora: primeiro, a lei municipal que institui a Flipassos como evento anual obrigatório. Segundo, a criação da comissão que coordena os trabalhos do Plano Municipal do Livro e Leitura (PMLL). A feira deste ano evoluiu, evidentemente, porque houve vontade política para sua realização, superando as dificuldades de ordem financeira, houve mais tempo para sua programação. Tanto que a IV Flipassos já tem data marcada: de 27 a 31 de agosto de 2019.
Carlos Jorge de Paula Ribeiro – Secretário Municipal de Cultura e Patrimônio Cultural, Marco Túlio Costa – Escritor homenageado na III Flipassos, Carlos Renato Lima Reis – Prefeito de Passos, e Zineti Guimarães Rattis – Secretária Municipal de Educação.
FOCO: Isso traz muito ânimo para a Cultura de Passos, não é?
MTC: Considero a grande contribuição dessa gestão ao município, porque a Cultura é a manifestação da alma de um povo. A Economia, claro, nos faz mover. Mas sem Cultura a cidade fica como um morto-vivo. Respiramos pela Cultura, somos felizes pela Cultura. E não só para a cidade de Passos, mas para todo o Sul de Minas, porque já existe há muitos anos um movimento bem articulado, denominado Polígono Sul-mineiro de Leitura, que vem mobilizando e conectando os municípios dessa grande região em torno desse tema. Eles ficaram empolgados com o evento e expressaram sua admiração pela organização da III Flipassos.
FOCO: Como um evento dessa natureza traz benefícios ao povo de Passos?
MTC: Virou clichê falar que o Brasil necessita de investimentos em Educação. Toda vez que somos humilhados pelo resultado de alguma pesquisa internacional na área de Educação, ou de Desenvolvimento Humano, ou de Ciências, vem alguém e dá o remédio: tem que investir em Educação. Pois bem, eu digo que se não investir em leitura, não será possível uma rápida e eficaz melhoria no aprendizado, o que faz a Educação empacar. Sem leitura não temos cientistas! Leitura, leitura e leitura, três ações principais para nossa Educação se livrar dos índices baixos do IDEB e nossa Cultura ser valorizada como base de um desenvolvimento humano contínuo.
Apresentações culturais durante a FLIPASSOS mobilizou um grande número de crianças e professores.
FOCO: Você se referiu ao Plano Municipal do Livro e Leitura. O que ele pretende e qual a relação do PMLL com a Flipassos?
MTC: O PMLL está nascendo da mobilização de todos os setores organizados da sociedade que têm na leitura e no livro o meio ou o fim de suas atividades. Serão realizadas consultas públicas sobre os quatro pontos principais relacionados à leitura. Depois será elaborado um texto com essas ideias todas, aprovado em uma plenária, para ser enviado à Câmara Municipal, que vai transformar em Lei essa proposta da população. A relação com a Flipassos é muito íntima, porque a feira é um dos eventos de incentivo à leitura já existente que o PMLL deve apoiar. Mas existem outros, como o Festival Nacional do Teatro, os movimentos culturais em ebulição, na dança, em artes visuais, novas mídias... tudo é texto, antes de virar outra coisa.
FOCO: Quais pontos são ‘os quatro pontos’ a que você se referiu antes?
MTC: Ah, sim. O nosso Plano Municipal do Livro e Leitura - PMLL, além de traçar um rumo para as políticas municipais de incentivo à leitura – como, por exemplo, a realização anual da Flipassos – tem que alinhar nossa proposta ao Plano Nacional do Livro e Leitura - PNLL e ao Plano Estadual do Livro e Leitura – PELL. Então, seguimos os quatro eixos, que respondem a questões como democratizar o acesso ao livro; o que fazer para fomentar a leitura e a formação de mediadores de leitura; como valorizar a leitura através dos diversos veículos de comunicação; e como apoiar as iniciativas existentes em prol da leitura e incrementar o consumo do livro.
FOCO: Isso traz algum benefício para o município?
MTC: Depois de pronto, o nosso PMLL vai para o portal do Governo Federal e do Estado de Minas, colocando o município pronto a receber todos os incentivos relacionados ao assunto. Estamos fincando uma bandeira, sinalizando aos governos que ‘NÓS QUEREMOS SER UMA CIDADE-LEITORA’ e, portanto, nos incluam em todos os programas de incentivo. Acho que estamos sendo pioneiros. O Estado de Minas concluiu seu PELL em 2017. Queremos ter o nosso concluído já no ano que vem, com ajuda da Frente Parlamentar, que está sendo formada na nossa Câmara Municipal, por iniciativa dos vereadores Rodrigo Maia, Dona Cida e Érick Silveira, que são da Comissão de Educação e Cultura.
Samyra Hipolita Vieira Marques Viscondi - Assessora Adm. da Cultura e Maria Augusta Gonçalves Oliveira - Assessora Adm. da Educação.
FOCO: Voltando à homenagem que lhe foi prestada, como foi viver essa emoção?
MTC: Foi intenso. Eu, sinceramente, fiquei meio constrangido quando a Zineti Rattis me comunicou. Foi surpresa. Estava tentando me envolver e ajudar na organização, como voluntário. Claro, quando a Flipassos começou, tamanha demonstração de afeto me deixou mole. Foi muita emoção encontrar amigos, minha família, até pessoas de outros municípios que vieram aqui só para fazer uma perguntinha, num bate-papo. Até criaram um Clube de Leitura Marco Túlio Costa, e segundo me disseram, eu não fazia a mínima ideia, existem mais de trinta no Sul de Minas. Difícil supor aonde vão nossos livros. Isso me dá mais responsabilidade, ainda, com relação à qualidade do meu texto. Mas, como venho dizendo, a homenagem eu dividi com todos aqueles que batalharam comigo num tempo obscuro, para abrir espaço para a manifestação do pensamento, para a expressão da arte. Sou de uma geração que viveu sua infância, adolescência e parte da vida adulta, ou seja, toda nossa formação, em uma Ditadura. Se ainda pensamos, foi porque lemos. Ler é uma forma de resistência e de libertação, porque cada tempo tem suas formas de opressão e de emburrecimento do ser humano. Portanto, viver uma Feira Literária na cidade onde vivo o meu dia a dia é como assistir ao nascer do dia.
Zineti Rattis, Secretária Municipal da Educação, responde:
Por que Marco Túlio Costa foi o autor homenageado na
III Flipassos?
“Por todo o histórico que ele tem na Literatura Brasileira. Por ser um incentivador da leitura em nossa cidade. Pelo fato de ser um dos idealizadores da Flipassos e, ainda, ser o Presidente da Comissão de instalação do Plano Municipal do Livro e Leitura, dentro do qual vem desenvolvendo um trabalho de mobilização, de conscientização e de organização para a implantação do mesmo.