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Especial 2021
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Trump Reality Show

  • O movimento New Age acreditava que o novo milênio seria um período de muita paz, união, fraternidade... entre os povos e que construiríamos uma sociedade mais igualitária. Porém... o novo milênio começou bem diferente.

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    Em 11/09/01, as Torres Gêmeas e o capitalismo americano foram atacados em retaliação ao que os Estados Unidos fizeram aos países muçulmanos. O Al-Qaeda assumiu o atentado. Porém... como o mesmo era uma organização fundamentalista com integrantes de vários países, os EUA elegeram, em 2001, como primeiro alvo, o Afeganistão, acusando-os de dar abrigo a Bin Laden (líder da Al-Qaeda). E a guerra só terminou em 2014. Em seguida (2003), o Iraque foi invadido sob o pretexto de possuir armas químicas e biológicas capazes de “destruir o mundo”. A ONU interveio e provou que não havia tais armas e não autorizou a invasão. Porém... já era muito tarde, a guerra durou até 2011 e custou a vida de 174 mil civis e 1,7 trilhões de dólares. 
     
    O resultado dessas invasões foi que, ao invés de combater o fundamentalismo e a radicalização, o mesmo foi disseminado no mundo islâmico (países árabes e africanos) e gerou um movimento de emigração de civis para a Europa.
     
    Em 2009, o democrata Obama assume a presidência e fez, ao meu ver, um excelente governo: pôs ordem na casa, encerrou vários dos conflitos iniciados pelos republicanos e procurou fazer uma administração mais pacífica. Porém... oito anos depois, assistimos perplexos, esse reality show de mau gosto que se transformou as eleições americanas. E em 09/11/16 os americanos elegeram Donald Trump como presidente. Concordo, completamente, com o jornalista Josias de Souza que afirma que “a eleição de Trump é equivalente ao atentado de 11/09/01. A diferença é que dessa vez os americanos dispensaram o inimigo externo produzindo um inusitado auto-ataque – uma espécie de Trumpicídio”.
     
    O que mais me surpreende em tudo isso é que os americanos, que “criaram” o conceito do “politicamente correto”, elegeram o presidente mais politicamente incorreto do planeta. Trump vai contra todos os valores que nortearam o país no pós-guerra, inclusive os russos, maiores inimigos dos EUA durante a Guerra Fria, ironicamente, apoiaram sua candidatura.
     
    A sensação que tenho é que a irracionalidade venceu. Trump ganhou fazendo promessas absurdas que ferem a democracia e o Estado de direito americano. Em seus comícios, prometeu perseguir a “democracia liberal”, “trancafiar” seus adversários, perseguir jornais “hostis”, atacar as mulheres que o acusaram de assédio sexual, reduzir os impostos (principalmente para os “super ricos” como ele), abolir a reforma de saúde feita por Obama (e deixar 24 milhões de pessoas sem assistência médica), “gerar” (num passe de mágica) 20 milhões de empregos, jogar por terra os regulamentos ambientais (pois não acredita em aquecimento global), romper acordos comerciais com seus principais parceiros (China e México), garantir a posse de armas, destruir (não explicou como) o Estado Islâmico, expulsar 11 milhões de imigrantes ilegais (os pais dele são alemães e a esposa eslovena), construir um muro na fronteira com o México e mandar a conta para eles.
     
    Agora é torcer para que ele tenha mentido em seus comícios (que os mesmos representem apenas mais um dos seus marketings agressivos) e caso contrário, que o partido republicano, que o elegeu, seja sensato o suficiente para contê-lo, que seus assessores sejam mais sábios, pois caso contrário, o mundo tal qual conhecemos hoje, nunca mais será o mesmo.
     
    Infelizmente, cinquenta por cento dos americanos elegeram, voluntariamente, para o cargo máximo da nação um fascista megalomaníaco, com sérios transtornos de personalidade, preconceituoso, etnocêntrico, machista... que poderá comprometer, seriamente, com sua política equivocada, não só os Estados Unidos, mas o planeta como um todo.
     
    por Gizele Rabelo

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