� como se o nosso mundo e os valores que regem a pol�tica estivessem desmoronando diante dos nossos impotentes e perplexos olhos.
Com a queda do muro de Berlim em 89, percebemos que o socialismo idealizado por Marx e Engels se mostrou, na pr�tica, o oposto do que sonh�vamos. E que ao inv�s de distribui��o de renda, igualdade de classes, enfraquecimento do estado e fortalecimento dos trabalhadores... a bandeira do socialismo foi utilizada por ditadores que apesar de teoricamente “governar em nome dos trabalhadores”, exploravam ao m�ximo os oper�rios e promoviam persegui��o e exterm�nio dos dissidentes. Com o fim da guerra surgiu uma nova geopol�tica mundial caracterizada pelo bipartidarismo e o neoliberalismo, nesse contexto vimos o sistema pol�tico de direito da Uni�o Europeia fortalecer e come�amos, novamente, a sonhar com um mundo globalizado, sem fronteiras, sem muros...�
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Por�m... em junho fomos surpreendidos com a decis�o do Reino Unido de deixar a Uni�o Europeia, em agosto o senado aprova o impeachment de Dilma e vimos a gangue do PT ser substitu�da pelos seus comparsas do PMDB, em novembro Donald Trump � eleito presidente dos E.U.A. e... em seguida percebemos o fortalecimento de figuras, com a mesma ideologia, na Europa como Nigel Farage (representante da sigla euroc�ntrica brit�nica) e Marina Le Pen (da extrema e reacion�ria direita francesa).
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Tanto no Brexit, como nas elei��es americanas houve uma disparidade entre pesquisas e urnas, como se o eleitor envergonhado de sua escolha n�o a admitisse publicamente. Segundo Rodrigo Nunes, em ambos os casos, um elemento essencial foi a revolta contra aquilo que “todo mundo pensa” e a insurg�ncia do que “n�o se deve pensar” ou “do que n�o se diz na frente dos outros”.�
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Por�m com o desenrolar do ano percebemos que, aos poucos, essas pessoas envergonhadas foram ficando cada vez mais fortalecidas e seguras de si. Percebemos tanto na Am�rica, como na Europa e no Brasil um enfraquecimento do politicamente correto, pois o mesmo impedia essas pessoas de expressarem as suas (terr�veis) opini�es. E... come�amos a notar um retrocesso nas conquistas que fizemos no fim do s�c. XX e a ver legitimado os piores valores e um crescimento exponencial do etnocentrismo e todo o tipo de preconceito (xenofobia, machismo, homofobia, racismo...) que s�o exteriorizados sem nenhum constrangimento.
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No Brasil os pol�ticos passaram a surfar na onda do politicamente incorreto e perderam completamente o bom senso e a vergonha. Foi o ano que a presidente Dilma caiu, que Bolsonaro homenageou um torturador e a ditadura afirmou que seria incapaz de amar um filho homossexual, e falou para uma deputada (Maria do Ros�rio) que n�o a estupraria porque ela n�o merecia... ano em que o Presidente da C�mara Eduardo Cunha foi preso, que os deputados transformaram o manifesto anticorrup��o em um facilitador da corrup��o, que v�rios ministros ca�ram, (e o �nico que n�o era pol�tico, Marcelo Calero, renunciou, pois n�o compactuou com o toma l� da c� do governo), que o Senador Renan, mesmo sendo r�u, enfrentou o judici�rio, que o STF, (que vinha, desde a ditadura sendo nosso porto seguro) abandonou a posi��o de pedra angular da vida nacional e absolveu Renan “em nome da governabilidade“, que o Congresso e a C�mara tentaram aprovar uma lei (abuso de autoridade) que ao inv�s de punir os pol�ticos, pune o judici�rio e inviabiliza a continua��o da lava-jato, que a Odebrecht abriu sua caixa de pandora e mostrou a realidade dos bastidores dos vendidos de Bras�lia, que o presidente substituto Michel Temer (apelidado de pinguela pelo PSDB) balan�ou, que o PMDB n�o conseguiu estancar a sangria...
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O ano do galo (2017) vem para colocar ordem no “terreiro” e certamente ser� melhor que 2016, mesmo porque pior � imposs�vel de ser. Feliz Ano Novo para todos, e que consigamos trasnformar a crise que passamos em oportunidade de crescimento.
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por Gizele Rabelo